sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Lampião: herói ou arruaçeiro?

Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, quem afinal de contas foi esse homem que era temido pelos sertões do Nordeste brasileiro nas décadas de 20 e 30 do século passado? Para muitos era um herói que lutava contra os desmandos do governo e dos latifundiários, para outros, uma espécie de hobin hood cabra da peste que aterrorizava os fazendeiros e matava seus desafetos por prazer. Bem, neste belo texto escrito por Lira Neto, vamos nos embrenhar um pouco no mundo de Lampião e saber quem era esse anti-herói nordestino.






“Eles faziam do assassinato um ritual macabro. O longo punhal, de até 80 centímetros de comprimento, era enfiado com um golpe certeiro na base da clavícula " a popular "saboneteira" " da vítima. A lâmina pontiaguda cortava a carne, seccionava artérias, perfurava o pulmão, trespassava o coração e, ao ser retirada, produzia um esguicho espetaculoso de sangue. Era um policial ou um delator a menos na caatinga " e um morto a mais na contabilidade do cangaço. Quando não matavam, faziam questão de ferir, de mutilar, de deixar cicatrizes visíveis, para que as marcas da violência servissem de exemplo. Desenhavam a faca feridas profundas em forma de cruz na testa de homens, desfiguravam o rosto de mulheres com ferro quente de marcar o gado.

Exatos 70 anos após a morte do principal líder do cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, a aura de heroísmo que durante algum tempo tentou-se atribuir aos cangaceiros cede terreno para uma interpretação menos idealizada do fenômeno. Uma série de livros, teses e dissertações acadêmicas lançados nos últimos anos defende que não faz sentido cultuar o mito de um Lampião idealista, um revolucionário primitivo, insurgente contra a opressão do latifúndio e a injustiça do sertão nordestino. Virgulino não seria um justiceiro romântico, um Robin Hood da caatinga, mas um criminoso cruel e sanguinário, aliado de coronéis e grandes proprietários de terra. Historiadores, antropólogos e cientistas sociais contemporâneos chegam à conclusão nada confortável para a memória do cangaço: no Brasil rural da primeira metade do século 20, a ação de bandos como o de Lampião desempenhou um papel equivalente ao dos traficantes de drogas que hoje seqüestram, matam e corrompem nas grandes metrópoles do país.

Cangaceiros e traficantes

Foram os cangaceiros que introduziram o seqüestro em larga escala no Brasil. Faziam reféns em troca de dinheiro para financiar novos crimes. Caso não recebessem o resgate, torturavam e matavam as vítimas, a tiro ou punhaladas. A extorsão era outra fonte de renda. Mandavam cartas, nas quais exigiam quantias astronômicas para não invadir cidades, atear fogo em casas e derramar sangue inocente. Ofereciam salvo-condutos, com os quais garantiam proteção a quem lhes desse abrigo e cobertura, os chamados coiteiros. Sempre foram implacáveis com quem atravessava seu caminho: estupravam, castravam, aterrorizavam. Corrompiam oficiais militares e autoridades civis, de quem recebiam armas e munição. Um arsenal bélico sempre mais moderno e com maior poder de fogo que aquele utilizado pelas tropas que os combatiam.

"A violência é mais perversa e explícita onde está o maior contingente de população pobre e excluída. Antes o banditismo se dava no campo; hoje o crime organizado é mais evidente na periferia dos centros urbanos", afirma a antropóloga Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e autora do livro A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão. A professora aponta semelhanças entre os métodos dos cangaceiros e dos traficantes: "A maioria dos moradores das favelas de hoje não é composta por marginais. No sertão, os cangaceiros também eram minoria. Mas, nos dois casos, a população honesta e trabalhadora se vê submetida ao regime de terror imposto pelos bandidos, que ditam as regras e vivem à custa do medo coletivo".

Além do medo, os cangaceiros exerciam fascínio entre os sertanejos. Entrar para o cangaço representava, para um jovem da caatinga, ascensão social. Significava o ingresso em uma comunidade de homens que se gabavam de sua audácia e coragem, indivíduos que trocavam a modorra da vida camponesa por um cotidiano repleto de aventuras e perigos. Era uma via de acesso ao dinheiro rápido e sujo de sangue, conquistado a ferro e a fogo. "São evidentes as correlações de procedimentos entre cangaceiros de ontem e traficantes de hoje. A rigor, são velhos professores e modernos discípulos", afirma o pesquisador do tema Melquíades Pinto Paiva, autor de Ecologia do Cangaço e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Homem e lenda

Virgulino Ferreira da Silva reinou na caatinga entre 1920 e 1938. A origem do cangaço, porém, perde-se no tempo. Muito antes dele, desde o século 18, já existiam bandos armados agindo no sertão, particularmente na área onde vingou o ciclo do gado no Nordeste, território onde campeava a violência, a lei dos coronéis, a miséria e a seca. A palavra cangaço, segundo a maioria dos autores, derivou de "canga", peça de madeira colocada sobre o pescoço dos bois de carga. Assim como o gado, os bandoleiros carregavam os pertences nos ombros.

Um dos precursores do cangaço foi o lendário José Gomes, o endiabrado Cabeleira, que aterrorizou as terras pernambucanas por volta de 1775. Outro que marcou época foi o potiguar Jesuíno Alves de Melo Calado, o Jesuíno Brilhante (1844-1879), famoso por distribuir entre os pobres os alimentos que saqueava dos comboios do governo. Mas o primeiro a merecer o título de Rei do Cangaço, pela ousadia de suas ações, foi o pernambucano Antônio Silvino (1875-1944), o Rifle de Ouro. Entre suas façanhas, arrancou os trilhos, perseguiu engenheiros e seqüestrou funcionários da Great Western, empresa inglesa que construía ferrovias no interior da Paraíba.

Lampião sempre afirmou que entrou na vida de bandido para vingar o assassinato do pai. José Ferreira, condutor de animais de carga e pequeno fazendeiro em Serra Talhada (PE), foi morto em 1920 pelo sargento de polícia José Lucena, após uma série de hostilidades entre a família Ferreira e o vizinho José Saturnino. No sertão daquele tempo, a vingança e a honra ofendida caminhavam lado a lado. Fazer justiça com as próprias mãos era considerado legítimo e a ausência de vingança era entendida como sintoma de frouxidão moral. "Na minha terra,/ o cangaceiro é leal e valente:/ jura que vai matar e mata", diz o poema "Terra Bárbara", do cearense Jáder de Carvalho (1901-1985).

No mesmo ano de 1920, Virgulino Ferreira entrou para o grupo de outro cangaceiro célebre, Sebastião Pereira e Silva, o Sinhô Pereira " segundo alguns autores, quem o apelidou de Lampião. Como tudo na biografia do pernambucano, é controverso o motivo do codinome. Há quem diga que o batismo se deveu ao fato de ele manejar o rifle com tanta rapidez e destreza que os tiros sucessivos iluminavam a noite. O olho direito, cego por decorrência de um glaucoma, agravado por um acidente com um espinho da caatinga, não lhe prejudicou a pontaria. Outros acreditam na versão atribuída a Sinhô Pereira, segundo a qual Virgulino teria usado o clarão de um disparo para encontrar um cigarro que um colega havia deixado cair no chão.

O cangaço não tinha um líder de destaque desde 1914, quando Antônio Silvino foi preso após um combate com a polícia. Só a partir de 1922, após assumir o bando de Sinhô Pereira, Virgulino se tornaria o líder máximo dos cangaceiros. Exímio estrategista, Lampião distinguiu-se pela valentia nas pelejas com a polícia, como em 1927, em Riacho de Sangue, durante um embate com os homens liderados pelo major cearense Moisés Figueiredo. Os 50 homens de Lampião foram cercados por 400 policiais. O tiroteio corria solto e a vitória da polícia era iminente. Lampião ordenou o cessar-fogo e o silêncio sepulcral de seu bando. A polícia caiu na armadilha. Avançou e, ao chegar perto, foi recebida com fogo cerrado. Surpreendidos, os soldados bateram em retirada.

A capacidade de despistar os perseguidores lhe valeu a fama de possuir poderes sobrenaturais e, após escapar de inúmeras emboscadas, de ter o corpo fechado. No mesmo mês da tocaia de Riacho de Sangue, Lampião e seu bando caíram em nova emboscada. Um traidor ofereceu-lhes um jantar envenenado, numa casa cercada por policiais. Quando os primeiros cangaceiros começaram a passar mal, Virgulino se deu conta da tramóia e tentou fugir, mas viu-se acuado por um incêndio proposital na mata. O que era para ser uma arapuca terminou por salvar a pele dos cangaceiros: desapareceram na fumaça, como por encanto.

Mas o maior trunfo de Lampião foi o de cultivar uma grande rede de coiteiros. Isso garantiu a longevidade de sua carreira e a extensão de seu domínio. A atuação de seu bando estendeu-se por Alagoas, Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Lampião chegou a comandar um exército nômade de mais de 100 homens, quase sempre distribuídos em subgrupos, o que dava mobilidade e dificultava a ação da polícia. Em 1926, em tom de desafio e zombaria, chegou a enviar uma carta ao governador de Pernambuco, Júlio de Melo, propondo a divisão do estado em duas partes. Júlio de Melo que se contentasse com uma. Lampião, autoproclamado "Governador do Sertão", mandaria na outra.

Há divergências " e discussões apaixonadas " em torno da figura histórica de Virgulino. Ele comandava sessões de estupro coletivo ou, ao contrário, punia indivíduos do bando que violentavam mulheres? Castrava inimigos, como faziam outros tantos envolvidos no cangaço? Há controvérsias. "Lampião não era um demônio nem um herói. Era um cangaceiro. Muitas das crueldades imputadas a ele foram praticadas por indivíduos de outros bandos. Entrevistei vários ex-cangaceiros e nenhum me confirmou histórias a respeito de estupros e castrações executadas pessoalmente por Lampião", diz o pesquisador Amaury Corrêa de Araújo, autor de sete livros sobre o cangaço.

As narrativas de velhos cangaceiros contrapõem-se à versão publicada pelos jornais da época, que geralmente tinham a polícia como principal fonte. Com tantas histórias e estórias a cercar a figura de Lampião, torna-se difícil separar o homem da lenda. "Acho que está justamente aí, nessa multiplicidade de olhares e versões, a grande força do personagem que ele foi. É isso que nos ajuda inclusive a entender sua dimensão como mito", explica a historiadora francesa Élise Grunspan-Jasmin, autora de Lampião: Senhor do Sertão (Edusp).

"Lampião VP"

Um livro recentemente lançado na França promete aumentar a temperatura dessa discussão. Assinado pelo escritor Jack de Witte, Lampião VP, ainda sem editora no Brasil, compara a trajetória do Rei do Cangaço com a do traficante carioca Marcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP, protagonista do livro-reportagem Abusado, best-seller do jornalista Caco Barcelos. "O que produz a violência das favelas? A miséria, a injustiça social, a polícia e os políticos corruptos. As mesmas causas produzem os mesmos efeitos", diz De Witte. O historiador e professor titular da Unicamp Jayme Pinsky adverte: "É um tanto simplista comparar cangaceiros e traficantes. Corre-se o risco de cometer o pecado historiográfico do anacronismo". Leia-se: analisar um momento histórico com base em conceitos e idéias de outro.

Já foi moeda corrente entre os especialistas interpretar o "Rei do Cangaço" como um "bandido social", expressão criada pelo historiador inglês Eric Hobsbawm para definir os fora-da-lei que surgiam nas sociedades agrárias em transição para o capitalismo. Em Bandidos (Forense Universitário), de 1975, Hobsbawn cita Lampião, Robin Hood e Jesse James como exemplos de nobres salteadores, vingadores ousados, defensores dos oprimidos.

A imagem revolucionária começou a se desenhar em 1935, quando a Aliança Nacional Libertadora citou Virgulino como um de seus inspiradores políticos. A tese foi reforçada em 1963 com o lançamento de um clássico sobre o tema, Cangaceiros e Fanáticos, no qual o autor, Rui Facó, justifica a violência física do cangaço como uma resposta à violência social. Na mesma época, o deputado federal Francisco Julião, representante das Ligas Camponesas e militante político pela reforma agrária, declarava que Lampião era "o primeiro homem do Nordeste a batalhar contra o latifúndio e a arbitrariedade".

"Lampião não era um revolucionário. Sua vontade não era agir sobre o mundo para lhe impor mais justiça, mas usar o mundo em seu proveito", afirma a também a historiadora Grunspan-Jasmin, fazendo coro a um dos maiores especialistas do cangaço da atualidade, Frederico Pernambucano de Mello. Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco e autor de Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste Brasileiro, Mello diz que o cangaceiro e o coronel não eram rivais. Os coronéis ofereciam armas e proteção aos cangaceiros, que, em troca, forneciam serviço de milícia. Dois dos maiores coiteiros de Lampião foram homens poderosos: o coronel baiano Petronilo de Alcântara Reis e o capitão do Exército Eronildes de Carvalho, que viria a ser governador de Alagoas. "Aprecio de preferência as classes conservadoras: agricultores, fazendeiros, comerciantes", disse Virgulino em uma entrevista de 1926.

Marqueteiro da caatinga

A idéia de que Lampião fosse um vingador também é contestada por Mello. Ele argumenta que, em quase 20 anos de cangaço, Lampião nunca teria se esforçado para se vingar de Lucena e Saturnino, o policial e o antigo vizinho responsáveis pelo assassinato de seu pai. De acordo com um dos homens de Virgulino, Miguel Feitosa, o Medalha, Saturnino chegara a mandar um uniforme e um corte de tecido com o objetivo de selar a paz entre eles. Um portador teria agradecido por Lampião. O mesmo Medalha dizia que o ex-soldado Pedro Barbosa da Cruz propôs matar Lucena por dinheiro. "Deixe disso, essas são questões velhas", teria respondido Lampião. Segundo o autor de Guerreiros do Sol, os cangaceiros usavam o discurso de vinganças pessoais e gestos de caridade como "escudos éticos" para os atos de banditismo.

Apesar da vida árdua, quem entrava no cangaço dificilmente conseguia (ou queria) sair dele. Havia um notório orgulho de pertencer aos bandos, revelado também na indumentária dos cangaceiros. O excesso de adereços, os enfeites nos chapéus, os bordados coloridos foram típicos dos momentos finais do cangaço. Lampião era um homem bem preocupado com sua imagem pública, o que colaborou para que permanecesse na memória nacional. O Rei do Cangaço também era o rei do marketing pessoal. Assim como adorava aparecer em jornais e revistas, deixando-se inclusive fotografar e até filmar, fazia de seu traje de guerreiro uma ostensiva e vaidosa marca registrada. "Nisso, talvez apenas o cavaleiro medieval europeu ou o samurai oriental possa rivalizar com o nosso capitão do cangaço", escreveu Pernambucano de Mello.

A antropóloga Luitgarde Barros enxerga aí um outro ponto em comum com a bandidagem atual: "Os traficantes também gostam de ostentar sua condição de bandidos e possuem um código visual característico, composto por capuzes e tatuagens de caveiras espalhadas pelo corpo". A violência policial é outro aspecto que aproxima o universo de Lampião do mundo do tráfico. Como ocorre hoje nas favelas dominadas pelo crime organizado, a truculência dos bandoleiros sertanejos só encontrava equivalência na brutalidade das volantes " as forças policiais cujos soldados eram apelidados pelos cangaceiros de "macacos". Nos tempos áureos do cangaço, não havia grandes diferenças entre a ação de bandidos e soldados. Não raro, eles se trajavam do mesmo modo " o que chegava a provocar confusões " e uns se bandeavam para o lado dos outros. Cangaceiros como Clementino José Furtado, o Quelé, abandonaram o grupo e foram cerrar fileiras em meio às volantes. O bandido Mormaço fez o movimento contrário. Havia sido corneteiro da polícia antes de aderir a Lampião.

Como é comum à história da maioria dos criminosos, uma morte trágica e violenta marcou o fim dos dias de Virgulino. Traído por um de seus coiteiros de confiança, Pedro de Cândida, que foi torturado pela polícia para denunciar o paradeiro do bando, Lampião acabou surpreendido em seu esconderijo na Grota do Angico, Sergipe, em 28 de julho de 1938. Depois de uma batalha de apenas 15 minutos contra as tropas do tenente José Bezerra, 11 cangaceiros tombaram no campo de batalha. Todos eles tiveram os corpos degolados pela polícia, inclusive Lampião e Maria Bonita. Durante mais de 30 anos, as cabeças dos dois permaneceram insepultas. Em 1969, elas ainda estavam no museu Nina Rodrigues, na Bahia, quando foram finalmente enterradas, a pedido de familiares do casal mais mitológico " e temido " do cangaço.


A saga de Lampião na caatinga

1898 " Virgulino Ferreira da Silva nasce em 4 de junho, na comarca de Vila Bela, atual Serra Talhada, Pernambuco. É o terceiro dos nove filhos de José Ferreira e Maria Lopes.

1915 " Começa a briga entre a família Ferreira e a do vizinho José Saturnino.

1920 " José Ferreira é morto. Virgulino e três irmãos (Ezequiel, Levino e Antônio) entram para o cangaço. Durante um tiroteio em Piancó (PB), ele é ferido no ombro e na virilha: são as primeiras cicatrizes de uma série que colecionará na vida.

1922 " Sinhô Pereira abandona o cangaço e Lampião assume o lugar do chefe. A primeira grande façanha é um assalto à casa da baronesa Joana Vieira de Siqueira Torres, em Alagoas.

1924 " Toma um tiro no pé direito, em Serra do Catolé, município de Belmonte (PE).

1925 " Fica cego do olho direito e passa a usar óculos para disfarçar o problema.

1926 " Visita Padre Cícero no Ceará e recebe a patente de capitão do "batalhão patriótico", encarregado de combater a Coluna Prestes. Em Itacuruba (PE) é ferido à bala na omoplata.

1927 " Ataque do bando a Mossoró (RN). A cidade resiste. É uma das maiores derrotas de sua carreira.

1928 " A ação da polícia de Pernambuco faz com que atravesse o rio São Francisco e passe a agir preferencialmente na Bahia e em Sergipe.

1929 " Primeiro encontro com Maria Bonita, na fazenda do pai dela, em Malhada do Caiçara (BA).

1930 " Maria Bonita torna-se sua mulher e ingressa no bando. O governo da Bahia oferece uma recompensa de 50 contos de réis para quem o entregar vivo ou morto. Em Sergipe, é baleado no quadril.

1932 " Nasce Expedita, sua filha com Maria Bonita.

1934 " Eronildes Carvalho, capitão do Exército e coiteiro de Lampião, é nomeado governador de Sergipe.

1936 " O libanês Benjamin Abraão, ex-secretário de Padre Cícero, convence Virgulino a se deixar filmar no documentário Lampeão. O filme é recolhido pelo Estado Novo.

1938 " Em 28 de julho, o bando é cercado em Angico (SE). Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros são assassinados.” 


Texto escrito por Lira Neto.

Paulo Cheng

15 comentários:

  1. a história dos países e dos povos está cheia de lampiões. em portugal, mais concretamente em braga, havia o zé do telhado, figura do povo que assaltava na zona da falperra, uma montanha, distribuindo, depois, o produto do saque pelos pobres. ninguém sabia quem ele era por isso as autoridades julgavam-no uma alma penada. e o mito cresceu acima do homem e das suas próprias façanhas.
    um abraço!
    p.s. lampiões é o nome por que são conhecidos os adeptos do meu clube (o benfica) por parte dos adeptos dos clubes rivais. sou, pois, um lampião :)

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  2. Cara inacreditável. Deixei um texto gigante e deu erro quando enviei e não salvei. Puta merda. Bom, vou fazer um resumão do que tinha escrito.

    Concordando com o Jorge Pimenta e agregando, tem também o Salvatore Giuliano, que é considerado herói pelos Sicilianos. Na ilha da sicilia, onde a máfia nasceu e se disseminou mundo afora, esse cara roubava dos ricos e grandes "coronéis" para dar pro pessoal pobre da região onde nasceu. Juntou um exército inteiro de admirados e depois de anos se escondendo entre montanhas e cavernas, foi morto (se não me engano traído por um amigo). Vale a pena dar uma olhada na história dele.

    Assim temos o che guevara o bento gonçalves e o próprio tiradentes entre outros. A diferença é que os motivos eram diferentes, mas os ideais os mesmos.

    Respondendo sua pergunta, se foram heróis eu não sei, o que tenho certeza é que se transformaram em mártires e mitos.

    Ps: Coincidentemente a três dias atrás dei uma lida na história do lampião.

    Abraço

    www.jimcarbonera.com

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  3. Macedo da Silva, Natal, RN.

    O grande mito Lampião, já li muitas histórias sobre ele, e realmente ele apavorava nos sertões nordestinos com sua gangue. Pra uns, era um herói, já para outros, um verdadeiro bandido que se divertia roubando e matando, mas com certeza um homem que metia medo por onde passava. Uma bela reportagem essa Paulo, pra quem não o conhecia, uma oportunidade bem interessante de ler sobre ele.

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  4. Chengão meu amiguim marélim, que maravilha de postagem essa. Lampião é um cidadão que acabou virando folclore no Brasil, mas que na verdade era um cabra mal que não tinha dó nem piedade na ora de matar alguém. Existem mil e uma lendas e estórias a respeito dele e bem poucas provas em jornais da época que sejam confiáveis, pois a imprensa naquele tempo fazia o que o governo queria.
    Minha avó fala que é prima segunda do Lampião e que chegou a conhecê-lo pessoalmente e como minha avó é quase uma santa, crente até o fio de cabelo e mito honesta eu acabei acreditando, hahahahaha.
    Mas esse texto aqui dessa postagem é muito legal mesmo! Prabens!

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  5. Pra vocês terem uma idéia de como o cara era sangue ruim, certa vez ele fez um desafeto se abraçar com um xique-xique, aquelas plantas cheias de espinhos, e outra vez ordenou que uma banda musical tocasse a noite toda sem parar pra distrair ele.

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  6. Olá Paulo!
    Realmente, Lampião é uma faca de dois gumes, herói do nordeste e vilão do sertão.
    Apesar de ser campineiro, meu sangue é 100% nordestino, então eu sei a história de Lampião pois minha mãe vive me contando.
    Apesar te tudo que você falou, ele poderia ter sido considerado um herói sim :)
    Tem um livro bem interessante chamado Lampião e Lancelote, que fala como seria se Lampião encontrasse com o cavalero Lacelote XD
    abração

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  7. olá meu querido

    Ja ouvi falar muito de Lampião, sobre relatos de ele fazer um dos sertanejos que andavam com ele comer um kilo de sal, porque disse que a comida que um fazendeiro tinha oferecido estava salgada, ou de furar a orelha dos filhos com uma espingarda ou coisa do tipo, ouvi tambem relatos de uma possivel discussão com padre Cicero e outras lendas. Tem um filme bom, chama-se o baile perfumado, que mostra a saga desse homem, mas em sua visão positivista, pois tambem acredito que este homem pode não ter sido um heroi mesmo.

    abraço Chengão...sempre por aqui !

    http://www.youtube.com/watch?v=S8TNbZNhfSQ

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  8. Interessante esse texto que mostra o outro lado do Lampião que é visto como herói apesar de tantas e tantas aprontadas do mal.Credo! abração,chica e lindo fds!

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  9. Esse homem é cercado de mistérios e lendas, mas sem sombras de dúvidas não passou de um bandido que andou na contramão da sociedade e do Estado. O filme acima citado pelo Victor, Baile Perfumado mostra bem alguns momentos da vida desse cangaceiro perambulando pelos sertões, se é heroi ou bandido acho que o tempo já provou, mas que aterrorizava por onde passava isso sim. Bom texto.

    Rodrigo Crispim - Santa Catarina.

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  10. Lampião, no que se poderia traduzir para a realidade é mais lenda, que verdade. A verdade era o que essa matéria aqui desnuda, a lenda é o que a historia tornou folclore, e até, porque não dizer, romantismo. Assim como muitos bandidões ficaram marcados de maneira literária, a exemplo de Lúcio Flávio, passageiro da agonia, um grande sucesso do cinema nacional e Charles, anjo 45, eternizado na música de Jorge Bem Jo. Muito bom, Paulo. Um grande abraço meu querido.

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  11. Paulo, meu amigo.
    Só para te avisar que estou passando uns dias no Uruguai e ainda não consegui um wi-fi decente por aqui, a conexão não está boa, depois retorno com calma para comentar e apreciar teu trabalho!
    Abração e ótimos dias!

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  12. Cara que bacana, um estudo completo de uma página obscura e controversa da história do Brasil. gostei!

    Eu particularmente acho que ele e seu bando tiveram o que mereciam!

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  13. Paulo,
    interessantíssimo!
    Lenda, folclore... o que se sabe são as barbaridades cometidas, em nome do quê... fica a pergunta.
    Te confesso que não sabia nem a metade dessas histórias do Lampião e te agradeço pela pauta!
    Abração!

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  14. Se heroi ou não, eu não sei!
    Mas acredito que muita coisa aí seja mentira, quando alguma coisa é demais, tipo ele era bom de mira e daí falam que ele era excelente, daí já podemos ter duvidas. Eu não acredito em tudo o que me falam e nem em tudo o que eu leio, não sou este tipo de pessoa. Mas acredito que ele defendesse algo importante pra ele, algo que somente ele sabia e a policia pra não ter sua versão contestada o matou para que não abrise sua boca. Pois se o prendesse vivo ele daria sua versão e assim o povo saberia o por que disso tudo. Mas infelizmente isso jamais poderá ser confirmado, assassino frio ou não, não cabe ninguém julga-lo!!

    Esses escritores estrangeiros viu!! Nem mora aqui, nem sabe da vida daqui e ainda querem escrever livro sobre o povo daqui!! Eu nem perco o meu tempo, sei bem como os estrageiros pensam de nós, as mulheres são faceis e os homens uns bocos e outros traficantes ou vagabundos. Aff...¬¬
    Bjs Paulo e bom feriado.

    PS: Já tentei excluir o photoshop pelo painel, ele nem parece lá e tentei remover com programas, tbm não rola e fui excluir da pasta de arquivo do pc não deixa, aparece uma mensagem dizendo que não pode excluir e blá blá!! Aí!! Tô maluca!! Ahhh e reinstalar não dá, da erro... vou ter um treco!! Bjs

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