quarta-feira, 27 de junho de 2012

Para não viver em vão


Foto extraída da internet

Para não viver em vão é preciso oscilar entre as margens do bem e do mal, do ódio e do amor, da delicadeza e da estupidez. Por algum motivo, a sabedoria milenar acertou: a virtude pertence aos moderados. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

Para não viver em vão é preciso flutuar com leveza. Se necessário, encher os pulmões de nitrogênio e acompanhar o voo dos balões. E se o desejar as altura for inevitável, não deixar  que o fascínio das nuvens roube o acocorar-se ao lado de quem está agrilhoado à crueldade da vida.


Para não viver em vão é preciso levar-se a sério. Mas não com tanta gravidade. Alguns, impertinentes, deixam a impressão de que a virtude é incômoda – como uma mala sem alça. Tem hora que é bom viver sem propósito, ao sabor dos ventos. Por que não celebrar a improdutividade? Por que não aplaudir as cigarras? Seriam as formigas, que seguem em fila sem notar que obedecem a rainha, o melhor exemplo?

Para não viver em vão é preciso vez por outra desentrevar a espiritualidade de protocolos solenes. O cerimonialismo torna a fé um assunto para gente sisuda. Que alívio considerar Deus “um cara muito legal”, compreensivo,  longânimo e que não mete medo. Que tal ensinar que Deus gosta de tornar qualquer um íntimo seu?

Para não viver em vão é preciso evitar varrer a inveja para debaixo dos tapetes do cinismo, assumir-se sem afetação, procurar o próprio caminho; e ter coragem de cantar no banheiro.

Para não viver em vão é preciso acordar tarde, comer chocolate sem culpa, presentear perfume caríssimo, sentar para almoçar sem hora para acabar, desligar o telefone celular, conversar um monte de besteira, rir à solta e ler romance.

Para não viver em vão é preciso acompanhar algum esporte, aplaudir trapezistas, sofrer com equilibristas, vibrar com contorcionistas, crer em mágicos e rir de palhaço; claro, gostar de circo.

Para não viver em vão é preciso ladear aquele que se desgasta pela justiça e reverenciar quem não se deixou entrevar pelo narcisismo; não confundir solidariedade com comiseração.

Para não viver em vão é preciso fazer da prece um compromisso, das convicções uma porta para o diálogo e da fé um convite para encarnar o divino.

Para não viver em vão é preciso fazer do instante fugidio um aceno de eternidade, da liberdade um compromisso com o próximo e da discordância uma oportunidade para crescer.

Para não viver em vão é preciso coragem para pedir perdão.


Soli Deo Gloria

Texto do pr. Ricardo Gondim

16 comentários:

  1. oi Paulo, meu irmão em Cristo.

    Tudo bem? Sempre os texto do pastor são edificantes. Trouxe esperança, amor, entendimento e fortaleza.

    Deus contigo e Michel!

    Lu

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    1. Com certeza Lu, gosto dos textos do Gondim, são bem leves, gostosos de ler e nos trazem sempre esperança.

      Abração pra ti.

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  2. Bom dia Cheng, meu irmão de fé
    Nada como começar o dia com uma mensagem maravilhosa como essa, se eu colocar metade do que foi dito em prática, eu sei que a minha vida não será em vão (kkkkkkk). Muito bom, amei! Vou colocar uma frase no meu face ok?!
    Bjos. para ti e para Michel

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    1. Realmente Lu, gosto das mensagens do Gondim, e como precisamos de mensagens otimistas, pois a vida é tão árdua, que precisamos de alguns refrigérios.

      Abração amiga.

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  3. Para não viver em vão é preciso saber viver intensamente o amor ao próximo, saber reconhecer o erro e pedir perdão, ter lealdade, caridade, não ser orgulhoso e, muito menos preconceituoso, é saber dar valor ao bem maior que recebemos D'ele: a vida!

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    1. Fala Bel, tava com saudade de teus comentários por aqui e como o texto diz, viver é algo que pode ser amenizado com amor, perdão, gentileza, etc.

      Grande abraço.

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  4. Pois é, e tem tanta gente que apenas passa pela terra, sem deixar nada nem agregar. Como um isopor. Sem alma, sem sentimento, etc.

    Pra mim o cara se apaixonando uma única vez, já não viveu em vão. Nem digo amar, digo se apaixonar, pois acho mais intenso.

    Abraçãoo

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    1. Cara, não quero passar por aqui sem ter deixado um rastro bom, tem gente que vegeta, não vive, e a vida é boa pra caramba, tem muita coisa legal pra se viver e aproveitar, mas tem muito babaca por ai que não vê isso.

      Abraço mano.

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  5. Mensagem cheia de sabedoria.Linda! Belo compartilhamento!!abração,chica

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  6. Oi Paulo!
    Nossa, esse texto é incrível! Me fez lembrar de uma redação que eu fiz esses dias, cujo o tema era: Viver Intensamente ou Viver com Moderação. Eu diria que sou um meio termo, diria que pelo que eu vivi e estou vivendo, acho que não estou vivendo em vão. Aproveito oportunidades sempre que aparecem e nunca me arrependo por ter feito algo, e sim por não ter feito!
    Sobre o seu comentário: Que bom que gostou do novo visual do blog!
    JAMAIS eu vou abandonar o blogger, isso é certeza! Pode ter certeza que se um dia eu sumir, ou vai ser para estudar ou em casos como este kkk
    Abração!

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    1. Grande Duda, que coincidência mesmo, e o tema de tua redação foi muito legal, gostaria de ler. Em relação ao blog, também amo esse espaço aqui, mas essa minha fase de correria em breve acabará, e terei mais tempo para me dedicar.

      Valeu pelo comentário.

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  7. Mais um excelente texto esse hein! E muuuuito verdadeiro .
    Chengão mais uma bela escolha essa sua!

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    1. Fala Mansim, lindo texto não é? Gosto muito do Gondim, seus textos nos fazem refletir bastante. Abraço pra tu.

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  8. para não viver em vão... isso tem mesmo o que se lhe diga, verdade, caro amigo? ainda assim, o que vale e não vale a pena não é universal e é por via da necessidade de refinarmos o que nos serve/não serve que temos de encarar a vida como um processo aberto, em permanente construção.

    um forte abraço!

    p.s. estou em falta contigo; o prometido será devido. desculpa este atraso todo. abraço renovado!

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    1. Grande Jorge, concordo contigo, nem todas as pessoas sabem encarar a vida de forma aberta, pois no final de tudo, o que vale é a felicidade, os problemas ficam.

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