segunda-feira, 9 de junho de 2014

Uma vida sem perdão é uma vida perdida.

Imagem extraída da internet
Se relacionar é algo complexo, viver em sociedades requer transitar em uma via de mão dupla, damos e recebemos, e vice versa, e nesse dualismo constante, encontramos um equilíbrio emocional que servirá como rédeas em nosso viver. Amar, odiar, perdoar, são sentimentos inerentes em cada ser humano, cabe-nos submetê-los ao bom senso, mas nem sempre é possível tal façanha, e nessa falta de habilidade de controle emocional, podemos conduzir a nossa vida por caminhos leves e ensolarados ou por caminhos densos e obscuros.


Uma das artes mais nobres desta existência, porém difícil de exercitá-la, é a arte do perdão. Para alguns, um exercício de fácil execução, para outros, um suplício. Exercer perdão para algumas pessoas é considerado algo impraticável, sem valia e um sinal de fraqueza. Está em nosso cerne o sentimento de revidar às provocações e às afrontas. A Lei de Talião, olho por olho, dente por dente, para alguns é mais eficaz e lógico do que simplesmente perdoar e tentar passar uma borracha em cima da ofensa sofrida. Em algumas sociedades e culturas, o perdão é uma demonstração de fraqueza e covardia, aniquilar o inimigo e vingar-se da afronta sofrida na mesma moeda é sinal de onipotência emocional, lavar a honra no sangue do ofensor é um deleite para os que se sentem superiores.

Antagonicamente falando, a escrita sapiencial nos revela que, perdoar é algo nobre, excelente, mas que anda na contramão da história. As sociedades, as leis, os códigos penais ao redor do mundo, fazem alusão à retribuição e ao recebimento de penas aos erros humanos, lógico que, para cada erro há uma consequência em determinados graus, dependendo da complexidade do erro, não se pode comparar uma ofensa verbal ou escrita a um homicídio, para cada caso, há uma pena correspondente, porém, genericamente, o perdão pode alcançar a todos os atos humanos, independente das penas que envolvam tais atos.

O perdão livra a alma de males e mazelas nocivas, perdoar é um exercício que faz bem para o corpo, alma e a mente, nos traz saúde emocional num alto nível e nos torna, em nossa humildade e capacidade de perdoar, pessoas sublimes. Seres humanos que não se abrem para perdoar são pessoas destituídas de humanidade, de sentimentos de amor ou qualquer tipo de apreço para com o próximo, e debaixo dessa blindagem emocional, nos tornamos pessoas amargas, sempre em posição de contra-ataque e nunca abertas a um relacionamento maduro, pois, no primeiro vacilo da outra pessoa, tornamo-la uma inimiga em potencial. Há pessoas que alimentam azedumes em seus corações por não perdoarem, e que, com o passar dos anos, este sentimento evolui para uma doença psicossomática, deixando-a doente não só fisicamente, mas emocional e espiritualmente. Não liberar perdão aos outros é um veneno que vai carcomendo o coração e os sentimentos nobres aos poucos, vampirizando o ser humano e insuflando um sentimento luciferiano numa alma em densas trevas.

Pessoas que não perdoam não podem dizer que conhecem a Deus, que professam uma religião, nenhum tipo de religiosidade pode se fundamentar na ausência de amor e perdão. Pessoas que não perdoam as ofensas que sofreram não podem exigir tais sentimentos dos outros, o Mestre Jesus Cristo foi feliz ao afirmar: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas. Mateus 7:12”, dito isto, quando não exercemos a excelente arte do perdão, não podemos exigir que o nosso semelhante nos perdoe, caso o ofendamos. Contudo, se fizermos da arte do perdão uma máxima em nossas vidas, de fato mostraremos, não com palavras ou qualquer tipo de falácia, mas na prática que conhecemos o amor de Deus, que nos perdoa a cada momento, e também mostraremos que nutrimos um sentimento de consideração para com o nosso próximo, odiar e revidar é uma ferramenta dos ditadores, facínoras e brutos, perdoar é algo para ilustres, generosos e magnificentes.  

Paulo Cheng

                   

8 comentários:

  1. Caro Paulo Cheng, sem palavras, lindo texto, edificante,nos obriga a repensar o modo de vida que levamos, DEUS te usa demais, pois aqui em SP me edificou muito este texto e preciso praticar o amor! Parabens amigo!

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    1. Grande Rodrigo, que bom que gostaste do texto, e isso serve pra mim também, é algo difícil perdoar, mas sem dúvida é o melhor caminho.

      Abraço.

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  2. Um texto daqueles que todos nós sempre precisamos.Faz bem, e falar em perdão do real e não da boca pra fora é preciso! abração,chica

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    1. Chica, perdão tem que ser algo verdadeiro, se for da boca pra fora não é perdão real.

      Abração.

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  3. Amigo Paulo, seu talento transborda nesse texto. Sinto-me realmente tocada. Você personificou meus pensamentos, meus sentimentos. Gostaria muito que as pessoas que amo se sentissem tocadas com esse texto, com esse sentimento, assim como eu fiquei. Parabéns e sucesso.

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    1. Danny, que bom que este texto te tocou, e confesso, me tocou também, seria muita hipocrisia de minha parte escrever um texto desses e não fazer por onde não perdoar, estou tentando acertar esse caminho, e espero que as pessoas que você ama se sintam tocadas.

      Um grande abraço.

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  4. palavras-espelho proporcionando encontros connosco mesmos, sobretudo com o que em nós se fazia já um tanto esquecido... sempre textos de extrema sensibilidade e sentido de oportunidade, verdadeiros convites à reflexão.

    um abração, caro amigo!

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    1. Sim, textos assim faz com que façamos uma reflexão acerca desses valores, gosto de textos convidativos à meditação caro amigo Jorge. Agradeço o comentário.

      Grande abraço.

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