Ser rico, ganhar muito dinheiro, trabalhar exaustivamente
até engordar as contas bancárias, fazer aplicações, comprar e negociar
terrenos, ganhar na mega sena acumulada, enfim, o anelo de enricar e ter muito
dinheiro é algo que permeia o imaginário do ser humano e, por conseguinte,
sanar todas as vicissitudes materiais, ter uma vida confortável, e viver
nababescamente.
Aliado a esse sonho inconsciente de vencer na vida e ter muita grana, as sociedades, de forma explícita, promovem uma manipulação
intelectual massificando insuflando nas pessoas o ideal de que o consumo precisa ser
retroalimentado de forma irrefreável. A mídia, a TV, a internet, os comerciais,
conspiram para fazer de nós consumidores insaciáveis, e nesse rolo compressor
de manipulação intelectual, somos levados a crer que a riqueza financeira é a
saída mais almejada para todos dissipar os nossos problemas, assim como um caminho para
a realização pessoal.
O conceito de riqueza que a sociedade nos passa é algo
que beira o paradoxo, pois, ser rico, ter milhões e milhões em uma conta
bancária, não padecer de necessidades materiais, ter acesso aos melhores
médicos, vestir as melhores grifes, consumir os melhores cardápios, nos faz
pensar que, tudo isso em si é a realização máxima pessoal de cada um, e que a
felicidade se fará presente quando atingirmos esse patamar de vida, contudo,
creio que, a verdadeira riqueza não consiste em ter muito dinheiro, ter
empresas, bens materiais, e afirmando isso, não quero dizer que ter bens, ter
dinheiro a rodo, seja algo ruim, execrável, mas o valor superdimensionado a tudo
isso, e achar que ser feliz é sinônimo de riqueza, isso sim é um equivoco e um erro crasso.
Existem muitos milionários que moram em mansões,
coberturas, palácios, e não conseguem deitar a cabeça no travesseiro e ter um
sono tranquilo, devido ao tormento de serem assaltados, de perderem seus bens,
serem sequestrados, além de o dinheiro não poder comprar tudo, como amigos
fieis, felicidade, saúde e paz. Porém, há pessoas que sobrevivem com um salário mínimo
mensal, passam necessidades materiais, sofrem todas as manhãs em ônibus lotado,
mas são felizes, conseguem extrair simplicidade e singeleza da vida, sem ao
menos atribuir felicidade ao dinheiro.
Para concluir este texto, quero dizer que, mesmo não
tendo carros importados, roupas de grifes, inúmeros zeros em nossa conta
bancária, sim, somos ricos, eu e você somos ricos, pois, se gozamos de boa
saúde, se temos ao menos com que nos vestir, se há água potável em nossas
torneiras, se fazemos três refeições por dia no mínimo, se temos pessoas que
nos amam ao nosso redor, se gozamos de amizades fieis e saudáveis, sim, somos
ricos, e muito ricos, e esse é o lado da verdadeira riqueza que as sociedades
desconhecem, e que está ao nosso lado e não percebemos, sim, eu e você somos
ricos.
Paulo Cheng
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