quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A dança da metralhadora e a anencefalia cultural brasileira

Foto extraída da internet 

MPB, termo criado para conceituar e definir os mais variados estilos e manifestações musicais da cultura brasileira, no qual, por natureza, é eclética e miscigenada. As várias regiões brasileiras, com suas respectivas raízes culturais formaram uma diversificada base para a formação da música popular brasileira, ritmos, estilos, influências, fazem da nossa música uma das mais ricas e diversificadas de todo o mundo.


E durante décadas, a MPB nos brindou com um caldeirão riquíssimo de ritmos e gêneros de altíssimo nível. A bossa nova nasceu nos anos 50 e alçou voos internacionais, conquistando o mundo na cadência suave da voz e violão; o samba também contribuiu para que o Brasil tivesse uma identidade musical própria e que fosse referência no mundo. Os anos 60 foram responsáveis por uma efervescência musical sem precedentes, desde a jovem guarda à tropicália, passando por Roberto Carlos, Os Mutantes, Chico Buarque, Gil, Caetano, Tom Zé, Gal, Jair Rodrigues, Jorge Ben, etc.


Os anos 70  também nos deliciou com vários artistas como Secos e Molhados, Milton Nascimento, Beto Guedes, Belchior, Guilherme Arantes, Tim Maia e tantos outros. Já os anos 80 foram intensos e bem mesclados, do pop rock a discos maravilhosos de artistas já consagrados, e nessa leva, Titãs, Engenheiros do Hawaii, Kid Abelha, Lulu Santos, Cazuza, Legião Urbana contribuíram para o enriquecimento de nossa música.


Vou parar nos anos 80, pois os 90 em diante não foram tão criativos, geniais e muito menos um nascedouro de novos e grandiosos talentos como nas décadas anteriores. Bem, saudosismo é algo bom, temos um passado glorioso na nossa música, excelentes músicos, cantores, compositores, poetas, porém, as gerações vão dando lugar a outras, e novos músicos entram em cena trazendo o que eles têm na bagagem, entretanto, as novas gerações de artistas têm mostrado que, além de pouco ou quase nenhum talento, não têm memória nem muito menos em nada honram a história da boa MPB.


Hoje, uma leva de músicos e cantores totalmente sem talento, criatividade, voz ou inspiração assumiu a cena musical brasileira, e pasmem, arrebanham multidões, fazem shows Brasil afora, e estão multimilionários, ostentando luxo, vida nababesca e conforto, devido à sua “música”. Gosto, com diz o adágio popular, não se discute, não obstante, é fato que, a música popular brasileira empobreceu, perdeu sua inspiração, e em nada honra o passado glorioso que a fez mundialmente famosa. O novo hit deste carnaval de 2016, a tal da "dancinha da metralhadora", é uma prova cabal que esta nova geração, em sua esmagadora maioria, não tem critérios sólidos, referenciais históricos, ou sensibilidade para escutar ou escolher música de qualidade. A pobreza cultural brasileira vigente é a alavanca que catapulta pseudo artistas que, com canções pobres, carentes de inspiração, virtuosismo, técnica e/ou emoção, são responsáveis por dar notoriedade a gente sem nenhum talento, que promovem um lixo cultural gratuito em forma de música, e desonra o nosso passado glorioso. O melô da metralhadora estilhaçou o bom gosto, dilacerou o bom senso, e condenou toda uma geração de jovens ao ostracismo e mediocridade cultural, tornando-os pobres, portadores de amnésia cultural e disseminadores de uma cultura abjeta, desprezível e abominável.



Paulo Cheng 

2 comentários:

  1. Por isso que o legal mesmo é escutar bandas não tão famosas, mas que dão o seu recado.
    Eu, como gosto mais de rock e pop, tenho ouvido muito Scalene, Malta, Guto Horn, por exemplo. O cenário musical brasileiro não está tão ruim, o problema é que a mídia gosta de exaltar estes "hits do verão" e dão a impressão de que a cultura brasileira está indo pelo ralo.
    Meus ouvidos "sangram" quando sou, contra minha vontade, exposta a "metralhadoras", "lepo-lepos" e afins, e por isso entendo sua indignação.
    Abraços

    Marina Carla- Devaneios e Desvarios

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  2. Cheng, infelizmente creio que a dominação por esse estilo empobrecido musical, principalmente para com os mais novos, trata-se de um projeto de dominação, um projeto de poder! Note que os ícones antigos da MPB que citou ou até mesmo a geração pop-rock dos anos 80 eram extremamente contestadores e a política era um assunto muito frequente em suas obras! Eram questionadores! E esse tipo de cultura aliada a uma educação razoável seria impossível dominar intelectualmente uma população inteira! Mas uma população dominada por lixos como "a metralhadora" o que podemos esperar?

    Att,
    Flavio Ribeiro
    www.reusaleatorios.blogspot.com.br

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