A vida é um dom imarcescível de Deus, algo que nos é legado de forma
gratuita, espontânea, e mesmo sendo fugaz, queremos que ela se estenda ao
máximo possível, e mesmo que cada um tenha suas convicções religiosas sobre o pós-morte,
inegavelmente somos apegados a esse plano terreno, sim, todos, sem exceção,
nutrimos um apego visceral para com a vida, e ninguém deseja morrer.
Mesmo que a vida não privilegie a alguns de forma igualitária, pois há
pessoas que nascem em circunstâncias menos favoráveis, seja em extrema pobreza
ou como portadoras de doenças incuráveis, ou até mesmo com deficiências que as
limitam de agirem normalmente como a maioria das outras, ainda sim somos
apaixonados pela vida, e quando nos deparamos com o fim derradeiro, seja de
algum parente, amigo ou até de pessoas desconhecidas, refletimos no quão tênue
é a linha que separa esta existência da do porvir, e nos inquietamos em saber
que, não sabemos o dia e a circunstância no qual o nosso coração dará sua
última batida, nem em que o nosso fôlego dará sua derradeira respirada, esta é
o mais inquietante dos mistérios.
Não obstante, há pessoas que não conseguem gozar do mais belo das
dádivas que é a vida, e fazem de cada momento existencial um deserto árido,
onde gravitam em torno de problemas, onde sintomatizam cada dificuldade como se
fosse o fim, e não conseguem enxergar o belo que, que gratuita e singelamente
nos circunda, como um espetáculo mágico que o Criador oferece àqueles que
possuem um olhar e uma alma mais aguçada.
Para viver intensamente e em plenitude não é prerrogativa possuir bens
ou ter dinheiro, para aqueles que pensam que viver bem significa sinônimo de
bem estar material, incorrem em um ledo engano, a beleza da vida na maioria das
vezes se camufla nas coisas singelas e gratuitas, e que nos circundam, basta
tão somente termos sensibilidade e um olhar mais minucioso.
Para viver e extrair ao máximo da beleza inefável a ela inerente basta
que sejamos garimpeiros de vida, onde o singelo equivale a uma pepita de ouro
de inestimável valor, e há ouro por toda parte, como um por do sol que
apreciamos, uma caminhada na beira da praia ao entardecer, uma corrida bem cedo
de manhã, ou quando saímos para fotografar a natureza.
Somos garimpeiros de vida quando observamos com singeleza o mundo
mágico das crianças, quando contemplamos o cair da chuva sem murmurarmos,
quando admiramos de forma perplexa o arco íris furta cor, ou quando nos
emocionamos com uma canção que exalte o amor entre um homem e uma mulher.
Somos garimpeiros de vida quando tratamos a pessoa amada com carinho e
romantismo, quando alimentamos a um faminto e extraímos um sorriso de seus
lábios, quando abraçamos com força a quem não conhecemos, transmitindo-lhe
calor humano, e quando louvamos a Deus ao ver seu poder sendo traduzido em cada
ser humano que produz um belo quadro, que compõe uma bela canção, que
potencializa o vigor de seu corpo através do esporte, que externa toda a emoção
através de sua voz numa canção, ou quaisquer manifestações de arte ou beleza
que os seres humanos possam produzir, somos garimpeiros de vida quando
priorizamos o belo e o singelo em nossas vidas, fazendo deste efêmero e
antagônico momento existencial, algo que valha à pena, pois o Criador nos
relegou o seu maior dom: a vida.
Paulo Cheng
Que lindo,Paulo! Sempre bem inspirado e com mensagens positivas! Valeu mais essa e sigamos garimpando o bem pela vida afora! abração, chica
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