terça-feira, 8 de agosto de 2017

Urubus, carniças e o retrato de uma geração canibalesca

Photo by Paulo Cheng 
O ser humano possui características nobilíssimas, consegue exalar amabilidade, gentileza, altruísmo e solidariedade, assim como consegue construir histórias deslumbrantes baseadas no amor e na benquerença, não obstante, há um lado negro, obscuro dentro de nós que aflora à medida no qual nos alimentamos de coisas em estado de putrefação, e nessas horas brotam em nós o nosso lado sombrio, e nos tornamos como aves de rapina.


As sociedades de hoje estão solidificadas em valores no mínimo aviltantes, onde o lado mais grotesco das pessoas eclode de forma espontânea. Hoje em dia, os meios de comunicação, aliado à internet, aproximaram as pessoas e deixaram o mundo conectado e bem menor, e devido a essa facilidade e interação, nada passa despercebido, e todas as mazelas do mundo são despejadas em nossa sala de estar através da TV ou tela de computador ou smartphone, um fato ocorrido nos recônditos mais remotos de uma tribo na África ou em uma comunidade suburbana de um país de terceiro mundo ganha notoriedade no mundo todo, estamos conectados tanto nas coisas aprazíveis quanto nas adversidades.


Infelizmente o ser humano nutre um apreço pela desgraça, e as obscuridades têm um fascínio sobre as nossas emoções, um belo exemplo são os noticiários, notícias boas e amenas não chamam a atenção, já assassinatos, estupros, violência em geral dão Ibope e prendem a nossa atenção, somos propensos a sentir deleite em presenciar os infortúnios, e nos regozijamos em observar a desgraça alheia, e nutrimos um prazer mórbido nas calamidades de outrem, isso alimenta a fome voraz de nosso lado tenebroso.


Inúmeras tragédias macularam as páginas da história da humanidade, e tudo isso proveio da gênese de sentimentos macabros represados no âmago de nossas almas, e tal atributo não é privilégio de grandes ditadores ou reis e imperadores opressores durante os séculos de outrora, mas isso está insuflado em nosso DNA, aflora em nós de forma melíflua, nos levando a termos aprazimento na desgraça alheia, e um dos reflexos disto são as redes sociais hoje em dia, onde, com veemência são postados notícias e vídeos onde o lado mais negro e tenebroso dos outros são compartilhados, cenas de violência, assaltos, e toda a sorte de crueldade são expostas sem pudor ou restrição, alimentando a fome e sede de pessoas famintas e sedentas pelo prazer mórbido de ver a fatalidade dos outros, contribuindo para tornar uma geração fria, obscura e sem senso de humanidade. Este é o fiel retrato de nossas sociedades, onde pessoas se transmutam em urubus, ávidos por carniça, e tornando uma geração de canibais.



Paulo Cheng


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