Imagem extraída da intenet |
Uma das tarefas mais complexas para os seres humanos são as relações
interpessoais, relacionar-se bem é deveras uma arte, e são poucos os que
dominam tal façanha. O ser humano possui uma intelectualidade intrincada, está
no topo da cadeia dos seres vivos, e por possuir uma inteligência superior aos
demais seres, os relacionamentos deveriam fluir de maneira serena e plácida,
pautada na reciprocidade e respeito mútuo, contudo, as rusgas e indiferenças
saturam tal convívio, e paradoxalmente, quanto mais adulto nos tornamos, mais
ineptos nos portamos no trato para com os outros.
Os mecanismos que regem os meandros de nossa mente são de uma
complexidade infinda, e as nossas emoções são voláteis, reagimos aos estímulos
de acordo com o momento, alguns recebem altos impactos emocionais de forma
serena, já outros, à mais simples comoção, se desestrutura física e
emocionalmente. Somos instáveis no campo da emoção, e nosso humor flutua como
um pêndulo, e diante desta flutuabilidade emocional, cultivamos relações
tracejadas na volubilidade emotiva, ora somos compassivos, ora irascível, ora
destilamos afabilidade, ora animosidade, somos um pêndulo sentimental.
Nos relacionamentos não existe a tal fórmula mágica pra uma boa
convivência, nem muito menos relações isentas de rusgas ou desentendimentos, um
relacionamento que sempre está às mil maravilhas se faz necessário momentos
tensão para que amadureçamos em meio aos desertos existenciais, já
relacionamentos que estejam imergidos em aflição e inquietude, estão adoecidos
e fadados a um rompimento à médio ou longo prazo.
Paradoxalmente, os adultos mantêm seus relacionamentos numa dicotomia
de amor e ódio, empatia e apatia, ternura e rispidez, sabemos agradar quando
queremos, e destilar farpas quando necessário, usamos de benevolência e piedade
quando nos apraz, e intolerância e aversão quando aviltados. Sabemos perdoar,
mas também nos deleitamos no revide, exsudamos amor aos que estimamos, e
denotamos cólera aos que nos frustram.
A arte do relacionar-se bem requer sabedoria, paciência e, como um bom
artífice, talento de sobra. Saber escutar, se doar intensamente sem esperar a
contrapartida do retorno, se colocar no lugar do outro, e amar incondicionalmente
o seu próximo parecem mecanismos impossíveis e até retrógrados nos
relacionamentos interpessoais modernos, em um mundo globalizado onde os
interesses pessoais sobrepujam o valor da amizade ou de quaisquer outras formas
de convívios, o desapreço pelo ser humano sempre transcende os valores e
deleites de uma verdadeira comunhão, somos seres que nascemos com a necessidade
intrínseca de nos relacionarmos, contudo, ainda estamos caminhando lentamente e
de forma medieval no que tange a nos relacionarmos bem, e nesse complexo e
antagônico desejo de nos relacionar, seguimos em frente amando e odiando, como
legítimos seres humanos.
Paulo Cheng
Relacionamentos são complicados e é uma bela arte essa da vida... Conviver, ter amigos, parceiros, requer mesmo sabedoria e cumplicidade! Gostei de ler! abraços, chica
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