Imagem extraída da internet |
Os
relacionamentos interpessoais sempre foram pautados por infindas
discrepâncias, amor e ódio, paz e guerra e respeito e desapreço
sempre foram os ingredientes de tal fórmula, conviver bem e saber se
relacionar ainda é uma tarefa hercúlea, uma tarefa varonil, pois os
mecanismos que regem tal incumbência são por demais complexos, não
obstante, ainda é um sonho de consumo anelado por muitos, viver em
paz e resguardando as diferenças.
Atualmente
em nossa sociedade brasileira, estamos vivenciando um fenômeno
atípico, e que traz em seu bojo inúmeros elementos igualmente
complexos e relevantes para entendermos quais fenômenos regem o
comportamento dos brasileiros neste momento. Atravessamos um pleito
eleitoral que, por si só já podemos considerá-lo um dos mais
importantes, se não o mais importante de nossa recente história
política, onde os ânimos estão exaltados, as opiniões ácidas, e
os nervos a flor da pele, a situação sócio-política do Brasil
chegou num patamar que beira a uma guerra civil, se já não estamos.
A
situação do Brasil não é das melhores, desempregados na casa dos
20 milhões, uma violência endêmica e desenfreada, instituições
públicas sem credibilidade, uma mídia submissa ao estamento
político-burocrático, políticos que há décadas se aproveitam dos
seus cargos para dilapidarem a nação através de roubalheira,
desvio do erário e tráfico de influência, hospitais sucateados,
presídios superlotados e que são escolas do crime, uma moeda fraca
sem poder de compra que é o real, uma carga insuportável de
impostos em cima da população no qual trabalhamos 5 meses por ano
para sustentar um estado inchado e inócuo, além de bancarmos as
benesses e a vida nababesca de políticos que estão literalmente se lixando para nós, um país que, em termos gerais é o mais rico do
planeta, mas que está dentre os mais pobres e subdesenvolvidos do
planeta, diante de tal exposição, sucinta diga-se de passagem, se
explica uma revolta generalizada da sociedade, talvez isso explique
tal comportamento hostil e saturado de desejo de mudança.
Diante
de tal efervescência sócio-política, os ânimos estão pra lá de
exaltados, em parte fruto dessa indignação e esse sentimento de
querer uma mudança, mas neste processo, os extremos e a falta de
respeito pelas predileções e escolhas alheias não estão sendo
resguardadas, com isso, uma guerra que deveria se travar somente no
campo ideológico, traspassa as muralhas dos ideais e adentram o
campo do xingamento verbal e físico. A maturidade deveria saturar os
embates ideológicos dentro de uma sociedade, mas sabemos que, alguns
ideais e ideologias que prometem tirar o homem de um estado de atraso
sócio-econômico e intelectual, para a sua implantação já causaram
milhões de mortes, torturas e submissão total da população para
serem disseminadas, e ainda tais ideologias utópicas como o
socialismo/comunismo ainda assombram as sociedades hodiernas.
Essas
eleições de 2018 no Brasil mostraram que a população é bipolarizada, onde tal bipolarização mostra quantos optam
naturalmente pelo viés conservador e de direita, e a outra parte
ainda anelando pelo sonho da revolução do proletariado socialista
almejando uma sociedade perfeita, além desta bipolarização, o
pleito nos mostra que os mecanismos que regem a nossa política são
por demais complexos, e boa parte da população desconhece os
meandros que tecem essa teia enigmática e nefasta chamada política
brasileira, e por desconhecerem tais ferramentas, tentam opinar nas
redes sociais, muitos tentando defender o indefensável, outros
visualizando somente a ponta do iceberg, e o desconhecimento das
regras do jogo levam a discussões acaloradas inúteis, pois os que
realmente se aprofundaram nos meandros do conhecimento deste sistema
podre que é a nossa política sabem entrar e sair de uma discussão
com intrepidez e elegância, além de manter o auto-controle.
Os
tempos são difíceis e o embate não é tão somente entre os
antagonismos de duas ideologias políticas, mas entre os rumos de uma
nação exaurida pela corrupção e roubalheira protagonizada por
políticos canalhas que em nada tem compromisso com a população, e
no meio do olho do furação, está uma população que luta com as
poucas armas que tem para tentar colocar a nação nos trilhos do
desenvolvimento e de dias melhores.
Paulo
Cheng
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