quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

A vida por um fio...



Imagem extraída da internet
Sempre quando penso em eternidade e todas as implicações que esse tema contém, penso em uma estória contada por um sábio chinês que dizia assim: a eternidade é semelhante a uma montanha, e a cada 100 anos um pássaro pousa em seu cume, e com o bico pega um grão de areia e voa, e 100 anos depois repete a mesma ação, e quando ele levar o último grão de areia daquela montanha, se passou um segundo da eternidade.


Bem, essa alegoria acima é algo reducionista e um parâmetro para que possamos entender algo tão complexo como é o tempo e a eternidade, e em relação ao homem, aí conseguimos ter um pouco mais de noção sobre tempo, existência e finitude, pois em relação ao tempo e espaço, somos finitos, e a nossa existência é algo ínfimo e temporal. A fina fatia de tempo no qual estamos inseridos é denominada vida, e sabiamente a Bíblia descreve em seu Salmo 90:10 “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, ou, em havendo vigor, a oitenta anos, neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, pois tudo passa rapidamente e nós voamos.”

O grande nó górdio da humanidade é o temor da morte, não somente pelo fato de se despedir desta vida, mas também em parte pela inquietação e incerteza em relação ao post mortem, o porvir causa calafrios em muitos, e diante disso, nos apegamos a esta existência como um filhote famélico agarrado ao seio de sua mãe na hora da amamentação, pois a vida, por mais contingências e dissabores que possam permeá-la, está entranhada intrinsecamente em cada DNA de nosso corpo e alma, e o medo de nos despedirmos dela é algo que ainda nos causa perturbação e insônia.

Quais as vigas mestras no qual estão alicerçadas a nossa vida? Quais pilares nos mantêm ainda respirando? Qual o sustentáculo que ainda sustém o fino cordão existencial de nossas vidas? Somos frágeis, efêmeros e fugazes, por mais estabilidade financeira, física, emocional ou espiritual que possamos ter, as nossas vidas estão por um fio, e em fração de segundos uma fatalidade pode nos ceifar de forma abrupta, e uma doença pode abreviar a nossa estada neste lindo planeta água. A morte, o fenômeno natural mais antinatural que existe, nos espreita a cada esquina, e a cada nano segundo que se passa, rumamos inexoravelmente em sua direção, e não adianta tentarmos lutar contra a inexorabilidade do tempo, fazendo intervenções cirúrgicas para amenizar os sinais do tempo, submergindo em dietas mirabolantes anti-idade, ou tentando encontrar o elixir da eterna juventude peterpaniana, um dia teremos um encontro com o inevitável, o momento derradeiro, o compromisso inadiável.

Diante de tal constatação, a consciência de que, cada momento que estamos vivenciando pode ser o derradeiro, deve ser lúdico, e nos conduzir a priorizarmos essencialidades, a revermos trivialidades, e a optarmos por imprescindibilidades. Que o nosso coração não esteja fincado no efêmero, que a nossa alma não esteja imergida no transitório, e que o nosso espírito não gravite em torno do temporário. Que a cada momento possamos cultivar sementes que desabrocharão para o porvir, que as nossas ações não estejam saturadas de mesquinhez ou frivolidade, mas de valores éticos, morais e atemporais, que a nossa breve e momentânea passagem por esta existência se paute em uma vida inspiradora, que agregue valores, e o nosso legado possa inspirar e redirecionar as gerações subsequentes, e que nossa passagem por aqui não caia em esquecimento por ter sido uma vida infrutífera e trivial, mas que o nosso legado possa atestar de que, não vivemos em vão.


Paulo Cheng




2 comentários:

  1. Muito lindo esse texto e sua profundidade! Realmente temos que pensar nisso e encarar cada dia do melhor modo, curtir, fazer o bem, tratar bem, pois podemos não mais tempo ter! abração,chica

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