Gabriele Andersen-Scheiss: 1984 |
Estou acompanhando as Olimpíadas de Londres pela TV, e
desde o primeiro dia, sempre tenho vibrado com as competições, tanto dos
brasileiros, que estão se superando, como os estrangeiros, fazendo uma festa
bonita, onde os esforços empreendidos durante os anos de treinamento têm
redundado em glórias e medalhas, mas o pódio é para poucos.
Nas Olimpíadas, assim como em qualquer competição, a
alegria mescla-se com a tristeza, a força bruta contrapõe-se à sensibilidade, a
popularidade ofusca o anonimato e a glória da vitória antagoniza-se ao fracasso
da derrota. O segundo ou terceiro lugar não importa, só o primeiro lugar é
ovacionado, e no panteão dos heróis olímpicos, só os que sobem no lugar mais
alto do pódio e ostentam a medalha dourada é que conseguem eternizar seus nomes
no rol dos atletas vencedores.
Na vida real, há uma quadra, um ringue e um tatame
invisível que estão postos a nossa frente, é a competição da vida, onde à
semelhança das Olimpíadas, só os mais preparados e aptos é que logram êxito,
chegam à frente e dão altissonante o brado de vitória. Só os melhores currículos
conseguem os melhores empregos; só os mais estudiosos ocupam as pouquíssimas
vagas nos concursos públicos; só as mais belas mulheres é que conseguem os
melhores contratos com as agencias de modelos; só os mais capacitados conseguem
as melhores oportunidades. Nas Olimpíadas da vida não há espaço para
perdedores, somos inclementes com aqueles que chegam em segundo ou terceiro
lugar, assim como nas competições esportivas, temos a tendência de ovacionar os
primeiros lugares, e por outro lado execrar os perdedores, não obstante o
esforço e dedicação dos que não conseguiram subir no topo do pódio.
Precisamos aprender a valorizar o esforço e dedicação
daqueles que não atingiram os primeiros lugares, a trajetória, a gana e a
vontade de lutar de algumas pessoas, seja em competições esportivas ou na
corrida da vida, são dignas de honra e já mereciam uma medalha de honra ao
mérito pela iniciativa e tentativa. A teoria da Seleção Natural de Darwin é
excludente e preconceituosa. O verdadeiro perdedor é aquele que se omite e não
luta por temer um pretenso fracasso, e nessas pessoas o sentimento de covardia
inunda-lhes a alma, tornando-as fracassadas, antes mesmo de competir. Uma medalha
de ouro ou um sucesso na vida é uma simples consequência de esforços
acumulados, e todo aquele que sai da sua zona de conforto ou mesmice e enfrenta
obstáculos e percalços com coragem e obstinação em busca de um sonho já é um
vencedor, mesmo não tendo seu nome eternizado em uma lista de famosos, basta
ter coragem para lutar e buscar a realização de seus sonhos, para esses a
vitória os abraça com satisfação e retribuição.
Um abração pra todos.
Paulo Cheng
nenhum texto se me faz mais lúcido do que este quando penso no espírito olímpico, querido amigo. os mais preparados, os mais fortes, os mais ágeis, os mais atléticos, os mais rápidos são-no por mérito próprio mas sempre na relação com todos aqueles que com eles se cruzaram e que de alguma forma os ajudaram a tornar o sonho possível. a isto chama-se vida em sociedade - palavra que cada vez mais é mera referência formal, perdendo, aos poucos, as suas valências semânticas. por isso, o verdadeiro campeão é o que sofre, combate, resiste e não desiste, mas também o que estende a mão, coopera e se solidariza com os seus semelhantes.
ResponderExcluirsempre bom ler-te, meu querido amigo!
abraço!
Querido Jorge, é esse espírito de luta que devemos ter em todas as áreas de nossas vidas, mas sabendo que não há melhores nem piores, só esforçados e omissos. Muitos campeões nunca chegaram ao pódio.
ExcluirUm abraço.
Lindo e tão verdadeiro teu texto e pensamento,Paulo!! abraços, de volta,chica
ResponderExcluirObrigado Chica, que bom que estais de volta da praia, abração pra ti.
ExcluirTemos sim que dar os parabéns aos nossos atletas e saber reconhecer que mesmo sem ajuda nenhuma, muitos chegam lá.
ResponderExcluirMas tbm não podemos deixar de pensar que ainda tem muita coisa a se fazer no Brasil, para se valorizar tanto assim as olimpiadas... O Brasil não está preparado para a copa do mundo, muito menos para as olimpiadas.
Mas um VIVA aos nossos atletas que merecem nosso respeito!!
Bjks
Fico feliz em prestigiar nossos atletas, têm evoluído a cada Olimpíada, e o bom é que muitos jovens carentes estão entre esses vencedores, sobrepujando todos os obstáculos.
ExcluirAbraço Jane.
Oi querido,
ResponderExcluirBoa noite! Tudo bem?
Não estou acompanhando porque não curto muito, mas entendo a sua descrição, principalmente porque o evento é competitivo, mas também muito emocional, assim como a vida. Se ficarmos pensando nos pódios em que não alcançamos na vida, poderemos reduzirmos a nada.
Assim, prefiro, independeste da minha posição, seguir. Mas não é fácil, pois sempre fui muito competitiva e agora não acredito apenas no pódio, mas sim na opção de não disputar. Como não gosto, também, de arquibancadas, fico feliz com a luta das letras.
Beijos e fica com Deus!
Com certeza Lu, devemos sim competir sem essa paranoia de vencer e estar à frente dos outros, o importante é lutar, sempre sem desistir.
ExcluirUm abração pra com.
Paulo, meu amigo.
ResponderExcluirTexto muito bem escrito.
Creio que a grande motivação na vida é tentar conseguir, o 'conseguir' não pensando na opção de perder ou não conseguir, me parece uma coisa um tanto capitalista e imediatista, porque a vida também é feita de derrotas e superação delas.
Abração para ti e a Michel!
Cissa, a nossa sociedade está enquadrada nessa máxima, se você não for o melhor, não tiver recursos, não logrará êxito em seus empreendimentos, isso é selvagem.
ExcluirAbração pra ti.