Falar sobre carnaval é falar sobre antônimos, antíteses,
ou você gosta ou não, é extremos, ninguém fica indiferente a essa festa que
dura 4 dias (em tese, pois em alguns estados dura o mês todo de fevereiro) e
paralisa a nação de um modo geral, tudo para e dá passagem a essa festa, que
amealha pessoas de níveis sociais, culturais, ideológicos e filosóficos
distintos, é uma festa popular, será?
Não vou adentrar na historicidade do carnaval, de onde
surgiu, onde é comemorado, nem muito menos se é lícito, pecaminoso ou não, mas
gostaria de tecer algumas palavras sobre o poder e fascinação que esta festa gera na vida das pessoas, e suas consequências imediatas. O carnaval,
como frisei acima, é uma festa que, oficialmente começa no sábado de Zé Pereira
e só termina na quarta-feira de cinzas, toda a nação para literalmente em
função dela, a indústria, o comércio, o funcionalismo público, interrompem suas
atividades em prol deste feriadão prolongado, resultado, são 4 dias que a nação
deixa de gerar renda e riqueza e onde os governantes gastam milhões e milhões
patrocinando a folia de momo Brasil afora, se esse dinheirão todo que é investido tem retorno
ou não, que você julgue por si mesmo.
O carnaval é uma festa onde os excessos são explorados em
toda a sua totalidade, uma época onde as pessoas deixam extravasar os
sentimentos e atitudes que, em momentos normais, não externariam. É um momento
onde a sensação de liberdade é confundida com libertinagem, as pessoas, ou boa
parte delas (sem querer generalizar, que fique bem claro) pensam que podem
tudo, onde quebrar os tabus e comportamentos ético-morais é palavra de ordem, e
o céu é o limite. É um momento onde é atenuado por extremos, ao mesmo tempo em
que as pessoas põem pra fora todo o seu lado bom e alegre, também expõem seu
lado mais sombrio, bestial e antissocial.
O carnaval é um momento onde, por 4 dias, as pessoas se
desligam da realidade, dura, estafante, estressante e caótica para darem lugar
as fantasias, sonhos, utopias e desejos reprimidos. Karl Max, certa vez disse
que a religião era o ópio do povo, parafraseando-o, diria que o carnaval é o
ópio do povo para fugir de uma realidade predatória e discriminatória que é a
nossa, onde por um momento, as pessoas tentam esquecer-se das dívidas, da
rotina massacrante, do desemprego, do salário apertado, do condomínio vencendo
ou vencido, das horas e horas passadas nos engarrafamentos dos grandes centros,
enfim, da vida extenuante e difícil que vivemos no dia dia. Mesmo que este breve
momento utópico dure somente quatro dias, e que a quarta-feira de cinzas
retorne com a dura e sufocante realidade cotidiana, que pelo menos seja eterno
esses dias enquanto durem.
A quarta-feira de cinzas é mais que ingrata, é real, e quando o anestésico eufórico se dissipa, esvai-se todas as fantasias e quimeras alimentadas nos dias de folia, e o choque
de realidade é um balde de água fria que abruptamente assola a todos. Os dias
de diversão e fantasias, de uma hora pra outra dão lugar á vida na selva de
pedra, onde as árduas horas de trabalho, de estudos, e as mazelas do cotidiano
sugarão as forças, tornando-nos meros robôs em uma sociedade mecanizada, fria e
robotizada. O saldo dos dias de folia de momo são diversos, para alguns,
renovação de forças e gás renovado para voltar à rotina, para outros,
frustração, perdas, relacionamentos em frangalhos, traições, corpos extenuados
devido aos excessos provocados pela bebida e drogas, e um gosto amargo de cabo
de guarda-chuva na boca, mas afinal de contas, é carnaval, é a festa do povo, e
ano que vem tem mais...
Paulo Cheng
Paulo, o carnaval, como você bem colocou, ou se gosta dele ou não. Eu gosto; embora hoje em dia me coloque apenas como um mero espectador dele. Os excessos e exageros das pessoas na minha opinião são apenas o reflexo do caráter de muitas delas. E esse tipo de gente não precisa de carnaval para tal. Eu levaria horas e horas aqui listando para você o que de contra apresento a respeito do carnaval na sua atualidade. Mas também levarias horas e horas listando as coisas boas que o carnaval, que é oriundo do samba, ofereceu culturalmente a esse país. O exagero e o excesso, em todos os sentidos, não podem ser algo simbolizados pelo carnaval. A sociedade atual talvez busque em varias coisas o motivo para o declínio dela. E garanto; não é culpa do carnaval, e de nenhum evento festivo. O carnaval apenas absorve, como qualquer grande festa popular que poderíamos citar aqui, os reflexos de uma sociedade que vem se perdendo em valores e comportamentos há algum tempo. Eu tenho muitas críticas ao carnaval como festa na atualidade. Mas a história dele é maravilhosa. Mas como você muito bem colocou é uma questão de gosto. Eu penso que as pessoas têm todo o direito de não gostarem e, até, de detestarem de determina coisa, mas é preciso ver, independente de se gostar dela ou não, se tal coisa merece respeito. Eu não gosto de muita coisas, mesmo assim, muitas delas, eu respeito. Repito o que já escrevi lá no blog, tenho muitas críticas contra o carnaval, e não são poucas. Porém, isso não tira o meu respeito por ele. O futebol, uma paixão minha, veja quanta coisa ruim e negativa existe nele atualmente. Entretanto, isso não apaga a sua história e o meu respeito por ele. Paulo; um grande abraço. Muito boa a oportunidade que você nos concede em manifestarmos aqui a nossa opinião, independente de ser contrária a sua ou não. É por isso que te admiro e respeito como blogueiro.
ResponderExcluirGrande PC, como frisei lá no início do texto, esta festa não há como passar incólume em nossas vidas, ou amamos, ou odiamos, e lógico que, em quase tudo nesta vida há um lado positivo e negativo, e ao meu ver, o carnaval possui mais contras do que prós, esse é o meu ponto de vista, e respeito muitíssimo o seu, por isso esses debates se tornam enriquecedores, onde todos se respeitam com seus gostos e tudo o mais. Valeu pelo comentário.
ExcluirUm grande abraço pra ti.