quinta-feira, 23 de maio de 2013

Entrevista com o escritor gaúcho Jim Carbonera

Jim Carbonera

Olá pessoal, desta vez, em mais uma entrevista, trago pra vocês um bate papo bem legal com o amigo e escritor lá dos pampas, o Jim Carbonera, gaúcho de Porto Alegre, escritor dos bons, aceitou bater esse papo comigo onde, pra quem já o conhece, passará a conhecê-lo um pouco mais, já pra quem não o conhece, uma oportunidade de conhecer um cara legal e inteligente, sem mais delongas, curtam ai a entrevista, valeu Jim!

1)    Olá Jim, como estais? Já de cara, manda um alô inicial para todos aqueles que lerão esse bate papo.

Tudo tranquilo. Alô, para todos que lerão esse bate papo.

2)    Jim, você é de Porto Alegre, como já dizia Humberto Gessinger, uma cidade ‘longe demais das capitais’, o que você mais curte por aí e o que não sugeriria para aqueles que irão visitá-la um dia?

Gosto do outono-inverno e principalmente do churrasco. O povo é acolhedor e as mulheres lindas. Não recomendo o verão, pois é sufocante, maçante, úmido e insuportável. Sem brisa, nem nada. Trinta graus, mas com a sensação térmica de quarenta.

3)    Cara, você deixou a sua carreira na área de turismo para se dedicar à escrita, com inúmeros contos publicados e livros, nos fale sobre sua trajetória literária.

Contos publicados foram em apenas um livro (Divina Sujeira). O outro livro é de poemas, mas não gosto dele e nem recomendo, então... Prefiro nem comentar. Tenho outros contos e fragmentos no meu blog (www.palavravadia.com) e trechos do Divina Sujeira no meu site (www.jimcarbonera.com).  Exceto isso, não publiquei mais nada.

Larguei a profissão de Turismólogo, pois não me satisfazia. Aquela ladainha de sempre: se formou, trabalhou na área e não gostou. Então, fui exercer o que eu realmente gostava: escrever. E hoje, ainda que me falte bagagem, estou trilhando o meu caminho literário. Melhor tentar ser feliz realizando o nosso sonho, do que ficar vagando pelos sonhos alheios. Minha verdade faço eu, e não quem está a minha volta.   

4)    Jim, a maioria de seus textos versam sobre sexo, violência, sobre a realidade nua e crua em sociedades onde mascaram sua verdadeira essência, você foi protagonista em algumas situações narrativas em seus contos ou tudo não passa de pura ficção?

Quase toda arte é um misto de realidade e ficção. Porém, muitas vezes, não é a minha realidade. Pode ser a sua e eu me basear nela para criar algum fragmento, conto ou até uma obra completa. Respondendo a sua pergunta mais objetivamente, as situações que não foram vividas por mim, provavelmente aconteceram com pessoas próximas, ou então vista ou lida em algum noticiário. 

5)    Jim, o que você gosta de ler, ouvir, assistir, beber, enfim, manda ver.

1) Na literatura, sou fã de escritores malditos, marginais e vadios. Que exploram as entranhas da sociedade para dar o seu recado (Pedro Juan Gutiérrez, Charles, Bukowski, Rubem Fonseca, Chuck Palahniuk, etc).  2) Ouço rock and roll e todas as vertentes que o criaram. 3) No momento ando assistindo muitas séries e filmes. 4) E em termos alcoólicos, tenho duas paixões: cerveja e rum.

6)    Em seus escritos, vejo que você toca em assuntos que sempre foram tabus em sociedades conservadoras como a nossa, em sua opinião, quais tabus já deveriam ter caído por terra ou que, na verdade, caso caíssem, não mudariam em nada o rumo da sociedade?

O problema é que muitos tabus estão ligados à religião, daí fica difícil de julgar. Mas acho que o machismo deveria cair por terra. Culturas patriarcais ao extremo, me incomodam também. E acho que todo tabu que se quebra, sempre acarretará num progresso para sociedade, ou pelo menos, para uma parte dela.

7)    Você é um cara que ler pra caralho e sofreu influências de vários escritores em tua escrita, então dá umas dicas legais de livros que deveríamos ler.

Acho que ninguém pode passar por essa vida, sem ler: 

Animal Tropical – Pedro Juan Gutiérrez.
Monstros Invisíveis – Chuck Palahniuk.
On the Road – Jack Kerouac.
Baixo Astral – Alberto Fuguet.
Violinos Vermelhos – Marielsa Klatter Braga.

8)     Falando numa situação hipotética, caso você fosse nascer novamente, quem você gostaria de ser, em que época gostaria de ter vindo ao mundo, a profissão que gostaria de realizar e um lugar onde teria prazer de ter nascido.

Numa única resposta, estará todos seus questionamentos dessa pergunta: gostaria de ter sido o Hugh Hefner fundador e proprietário da Playboy. Não somente pelo dinheiro, mulheres e fama, mas sim, pela coragem que teve de levar em frente um projeto, que para época, parecia impossível. Hoje em dia, sabemos os diversos tabus e preconceitos que ele e sua revista ajudaram a quebrar. Abriu a mente e os olhos da sociedade para um assunto que era vergonhoso ser abordado.  E é claro, trepar com a Marilyn Monroe conta muito a seu favor também.

9)    Não sei se gosta de política, mas como descreveria a atual situação do Brasil e do Mundo, e a humanidade, está caminhando para o caminho certo, ou está regredindo de forma jurássica e bestial?

Ah, se fosse responder tudo o que eu acho, iria dar uma dissertação e ficaria uma resposta muita chata. Não me considero apolítico. Acho que religião e política devem ser discutidas civilizadamente, já que são os dois pilares que movem a sociedade. Então para ser mais sucinto, acho a política brasileira porca. Mas todo povo tem o governo que merece e nós, brasileiros, somos muito acomodados. Se nos rebelássemos e fossemos mais unidos, acho que o carnaval na política brasileira estaria mais controlado. E sobre a sociedade, tecnologicamente estamos evoluindo, assim como a quebra de tabus etc. Porém, intelectualmente, estamos regredindo. Nossos valores estão confusos e corrompidos.    

10) Jim volta e meia em alguns de seus textos, de forma ácida e bem humorada, você traz personagens canalhas em situações pra lá de cretinas, bem, em sua opinião, em termos de canalhice, quem se sai melhor, o homem ou a mulher?

Isso é relativo. Se eu fosse generalizar, estaria sendo leviano. A filha da putice, a canalhice, não está ligada a sexo e sim a caráter. Conheço tanto homens como mulheres que competem para ver quem é mais ordinário. Mas admito: uma mulher canalha exala muito mais charme do que um homem. E acho que ela consegue usar o cinismo com maior propriedade que o homem. Então, se fosse optar por um dos dois, escolheria a mulher. 

11) Jim, além de um site pessoal, você também faz parte duma rede social, o Facebook, a seu ver, as redes sociais ainda cumprem o seu papel de entretenimento e informação ou hoje não passa de um passatempo superficial onde as pessoas postam baboseiras e banners prontos e afins?

A revolução Egípcia de 2011 se fortificou graças a manifestações via Twitter. Aqui em Porto Alegre, depois de aumentarem as passagens de ônibus, o Facebook teve fundamental importância para mobilizar as pessoas para saírem às ruas e se manifestarem contra. O que acarretou na redução da tarifa de ônibus. Entre outros exemplos. A importância das redes sociais cresce a cada dia, basta saber usá-las. Assim é na internet e na vida. Temos que saber selecionar o lado bom e ruim de cada coisa. E agregar o que nos é pertinente.

12) Jim, algum projeto de um novo livro à vista?

Sim, três: A) Criar um selo independente literário. B) Relançar a segunda edição do Divina Sujeira. Porém, melhor editorado, diagramado e corrigido. C) E se tudo der certo, lançar ainda esse ano ou o mais tardar no começo de 2014, o livro Verme! Já está pronto, mas estou no período de correção.

13) Jim Carbonera, foi um prazer poder ter esse bate papo contigo, agora manda uma mensagem final para a galera aqui do meu site, um abração pra ti e sucesso em tua carreira literária.

É maravilhoso esse espaço cedido por você no blog. Sempre respeito quem se propõe a divulgar artistas brasileiros. Num mercado abarrotado de artistas estrangeiros, todo o espaço, por menor que seja, dado para músicos, poetas, escritores, pintores, fotógrafos deve ser enaltecido. Vou deixar uma frase do meu escritor preferido, o cubano Pedro Juan Gutiérrez. Agradeço a todos que leram a entrevista. Muita luz e paz!

"A maioria dos seres humanos não pensa por si mesma. As pessoas agem por imitação, e chega um momento em que até para respirar precisam de um líder que mostre como fazer. E sempre há um líder por perto." [Pedro Juan Gutiérrez — Animal Tropical]

12 comentários:

  1. Nesse bate papo muito legal, pude conhecer um pouco mais desse cara pra lá de legal, um escritor inteligente e bem humorado, que com certeza está amealhando um acervo literário de boa qualidade e que, provavelmente, despontará no cenário literário nacional. Jim, te agradeço pela atenção, e que através dessa entrevista, as pessoas possam te conhecer um pouco melhor e ao seu maravilhoso trabalho, abração pra ti e sucesso no teu trabalho cara.

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  2. Paulo, meu amigo de fé!
    Vim especialmente hoje, porque vi que era uma entrevista com o Jim. Tenho conseguido um tempinho para comentar com calma, apenas quando posto.
    Tive o prazer de conhecer o Jim no lançamento do seu primeiro livro, e ele pessoalmente é bem isso que escreve: alguém autêntico, livre, com um jeito impar e escritos muito interessantes e inusitados. Além de inteligente e bem-informado, e foi o que demonstrou aqui também nas respostas.
    E você, Paulo, sempre arrasando nas perguntas :)

    Gostei também de saber que o Jim está tocando seus projetos. Num país como o nosso que pouco se lê e se dá valor ao escritor, somos, quem escreve, uma espécie de 'heróis da resistência'.

    Beijos aos dois!

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    1. Ah! Também gostei quando ele disse que as porto-alegrenses são lindas! rsrs

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    2. Cissa, que bom que você teve o privilégio de encontrar o Jim no lançamento do seu livro, ele me mandou um de presente, e gostei muito, e o cara realmente é bom escritor, e torço pelo sucesso dele.

      Abração pra ti.

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  3. É sempre bom quando alguém cria coragem para largar tudo e fazer aquilo que mais gosta, mesmo com maiores dificuldades. Nesse ponto eu acho que a atitude do Jim serve de exemplo para muitas pessoas seguirem os seus sonhos. O que não quer dizer que sempre vá dá certo, evidentemente, mas o pior é não tentar.

    Paulo, não sei por que, mas a última atualização do seu blog no meu blogroll é de três meses atrás, nem sabia que tinha tantas postagens novas. Não por que deu esse erro.

    Grande abraço meu chapa.

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    1. Fala Almir, realmente é uma coragem mesmo, mas como ele tem talento e acreditou nele, com certeza vai se dar bem.

      Cara, isso tá acontecendo não só contigo, mas com muitos blogs amigos, não sei por quê? Mas sempre quando atualizo, eu coloco o link no meu facebook.

      Abraço.

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  4. Paulo, confesso que sentia falta das entrevistas que o amigo sempre fez em seu blog. Não é uma entrevista sem conteúdo e desinteressante. Pelo contrário, elas sempre foram uma oportunidade a mais de conhecer gente de cabeça maravilhosa e fazendo blog com toda competência. Isso sem falar na oportunidade que o amigo dá para que seus leitores conheçam esses blogueiros. Eu felicito o amigo do universo blog Jim Carbonera pela excelente entrevista que lhe concede e a você Paulo por continuar nos proporcionando esse contato com novos amigos. Um grande abraço.

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    1. Valeu xará, gosto dessas entrevistas, mas sempre sinto dificuldades em elaborar as perguntas de acordo com o perfil dos entrevistados, afinal de contas, não quero perguntas superficiais, mas coisas bem legais no qual as pessoas se sintam encorajadas em responder, e o Jim é um cara que admiro muito e já tenho mantido contato com ele por aqui há bastante tempo. Te agradeço pelo carinho de sempre PC.

      Abraço.

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  5. Ficou muito boa essa entrevista, a cara do Jim!
    Ele tem coragem em se arriscar em um terreno espinhoso na escrita, mexer com tabus.
    Continue realizando essas bem conduzidas entrevistas!

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    1. Valeu Mari, essa entrevista já era pra ter acontecido há muito tempo, conheço o Jim já a um tempão, e o cara é bom mesmo, sou fã de sua escrita.

      Abração pra ti.

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  6. Obrigada pela dica Jim, de Violinos Vermelhos, rsrsrs. Adorei a entrevista. Eu li Jim e confesso que os contos dele, além de serem excelentes, causam certa excitação, rsrsrsrs. Muito bem escrito! Suas obras são únicas, Jim demonstra muito talento! Já havia dito muito sobre ele, e tenho certeza de que ele vai longe. Abraços

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  7. Olá Cheng,
    Onde estava que não tinha lido antes essa entrevista com o Jim? kkkkkk....
    Vai ver que devia estar num dos meus períodos de "hibernação bloguistica", kkkkk..

    O Jim é fera, um daqueles caras que escrevem de forma visceral e autentica! Sempre curti muito seus escritos! Para alguns polêmico, pois "vira e mexe" está ali "cutucando" um tema considerado tabu (em pleno século XXI) como o sexo. Mas ele consegue escrever de um jeito que passa pela vulgaridade com elegância, vamos dizer assim!

    Excelentes perguntas! Bela entrevista! Por essas que sinto falta da blogosfera e sempre que sumo volto!

    Grande abraço,
    Flavio Ribeiro (em 2014)

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Olá queridos, você está em meu site, o paulocheng.com, um espaço onde eu escrevo e posto minhas impressões, meus devaneios, minhas inspirações e sandices, desde já agradeço pelo acesso, lembrando que você não é obrigado a comentar, pois não há uma obrigatoriedade ou imposição, caso você não ache interessante ou esteja com preguiça, não tem problema, o que quero aqui é o prazer acima de qualquer coisa, e não obrigatoriedade, ok? Que Deus possa te abençoar em Cristo Jesus.