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Os relacionamentos interpessoais transitam pelos antagonismos, beiram
as ambiguidades, e passeiam pelos binômios, rir e chorar, amar e odiar, abraçar
e repelir fazem parte do cotidiano nas amizades e relacionamentos em geral. Os
altos e baixos conseguem ditar a tônica e imprimir a qualidade na forma de como
nos relacionamos com os outros, a simplicidade e a complexidade se reversam
para dar cor e sabor.
A própria complexidade a mente humana, aliada à flutuabilidade das
emoções, fazem com que os sentimentos envolvidos nos relacionamentos sejam
instáveis, agimos e nos comportamos de acordo com as circunstâncias e as
emoções, e no calor da emoção, ou na frieza da lógica, tanto podemos exaltar
como humilhar, aplaudir como vaiar; somos vilões e mocinhos, fomentadores e
devastadores em nosso modo de agir com as pessoas, tudo depende do estado de
espírito no momento, e do nível de emotividade.
A troca de sentimentos é por si só intrincada, podemos machucar a quem
amamos e benquerer a quem desprezamos. Geralmente fazemos uma leitura das
pessoas não condizente ao que elas realmente são, mas de acordo com os nossos
conceitos e suposições que temos delas, assim, as ações delas passam pelo nosso
crivo de censura ou reprovação, e que muitas vezes permeado de injustiça e
parcialidade. E essa variabilidade de humor e sentimentos, em vez de ser
totalmente nocivo, traz maturidade e estabilidade nos convívios, visto que,
esse misto de raiva, alegria, dor, felicidade, amor, ódio, calmaria e rebelião
trazem harmonia e sanidade, pois tais sentimentos são inerentes à nossa
essência, e reprimi-los seria fugir de nossa humanidade.
Toda a profusão sentimental que acalentamos dentro de nossas
personalidades, além de forjar o nosso eu, nos torna distintos de nossos pares,
somos tão iguais, mas também peculiares, e todas essas diferenças
comportamentais que nos modelam, são preponderantes na qualidade e maturidade
nos relacionamentos interpessoais, por mais que queiramos agradar, jamais
seremos unânimes em aceitação; somos benquistos e odiados, amados e odiados,
admirados e rechaçados, agradamos e destoamos.
Relacionar-se sempre será uma tarefa paradoxalmente fácil e complexa.
Essa inconstância não é falha de personalidade ou caráter, e sim elementos de
nossa personalidade e individualidade que compõe o nosso eu como um todo. O
grande segredo que nos levará a relacionamentos maduros e duradouros é
reconhecer que, o erro do outro pode ser um alicerce para a nossa maturidade, e
as imperfeições alheiras poder-se-ão transformar em adubo para o nosso
crescimento e equilíbrio.
Paulo Cheng
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