sábado, 27 de julho de 2019

A vida por um fio

Foto extraída da internet

A eternidade nos fascina, nos cativa, e permeia o nosso inconsciente. Viver eternamente é uma utopia que nos acalenta em nossa breve jornada nesta existência, não falo da alma ou espírito, mas fisicamente falando, somos limitados, e a nossa expectativa de vida gravita em torno dos 80, talvez 90 anos, e para poucos mortais, um século de vida, contudo, como vaticinara as Escrituras Sagradas, os louros de uma longevidade dessas são só canseira e enfado.


Cada recém nascido que vem ao mundo já nasce morrendo, fadado á inexorável sina de todo ser humano: o ocaso. Nós, seres humanos, estamos no topo da cadeia alimentar animal, comos os maiores predadores, acima de todos os outros mamíferos, o que nos dá uma sensação de superioridade, poder e predomínio, e o sentimento de que somos os responsáveis pelas maiores mudanças nas sociedades e no planeta nos confere uma áurea de eternidade, realmente nos sentimos incólumes, não obstante, não passamos de um sopro.


Muitas vezes temos a sensação de que, tendo uma ótima saúde física, uma segurança financeira e uma genética favorável, iremos gozar de uma longevidade ímpar, mas a vida é contingencial, e o amanhã dubitável. As imprevisibilidades da vida e suas contingências podem nos desestruturar em fração de segundos. Por mais fortes e saudáveis que estejamos, basta um pequeníssimo vaso romper em nosso cérebro, ou um ínfimo mosquito nos morder e transmitir um vírus, os alicerces de nossa saúde podem ruir do dia para a noite, e toda a nossa pseuda atmosfera de superioridade e vitalidade caem por terra, nos fazendo sentir tão pequenos como um átomo ou um grão de areia da praia.


Também nos deparamos com a nossa finitude quando visitamos um hospital, ali constatamos que não somos supra humanos, que a nossa frágil saúde pode se esvair na velocidade da luz, e num momento podemos estar participando de uma maratona, esbanjando vitalidade e testosterona, e no outro podemos estar confinado em um leito de UTI, dependendo de medicamentos e equipamentos eletrônicos. No livro bíblico de Eclesiaste tem uma assertiva perturbadora, porém, profunda e verdadeira, no qual diz: "Melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete; porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração."


Não somos nada, somos efêmeros, e os nossos devaneios onipotentes mais exacerbados se dissipam em um leito de hospital ou numa fria sala de UTI. Toda a arrogância do soberbo, a indiferença do abastado, e a altivez do pedante repousam humildemente numa lápide sepulcral. O mundo dá voltas, homens arrogantes que, num momento tratam todos com empáfia e soberba, noutro momento se arrastam pelos frios corredores de um hospital colostomizados, assim sendo, a aparente insignificância de nossas vidas deveria nos convidar a termos a percepção de que, as nossas vidas não passam de uma nuvem efêmera, somos hoje e amanhã já não existimos, não somos nada.



Paulo Cheng 

Um comentário:

  1. Uma reflexão grandiosa e interessante.Pra que tantas brigas, tantas empáfias, tantos queixos levantados, narizes empinados se de uma hora pra outra pode ser cortado o nosso fio... abraços praianos, chica

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