sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A honestidade vale um caju?

Vivemos em sociedades. Coabitamos e coexistimos com pessoas procedências diversas. Numa sociedade heterogênea, a convivência com outras pessoas nos dá a possibilidade de ter contato com diversas culturas, credos, religiões, filosofias, partidos políticos, times de futebol, ritmos musicais e outras coisas, mas como já dizia o Humberto Gessinger: “todo mundo é uma ilha...”

Ao mesmo tempo em que dividimos espaço com pessoas e personalidades tão distintas, se faz necessário sermos norteados por valores éticos, morais e espirituais que nos sirvam de base ou parâmetros que delimitem os nossos comportamentos e ações. Honestidade é um desses itens éticos imprescindíveis que precisa estar presente em todas as áreas de nossas vidas. Ser honesto é ser probo, verdadeiro, decente, digno. Já a ausência de honestidade estilhaça toda a credibilidade e confiança, seja de pessoas ou de instituições.



Em algumas sociedades, como a brasileira, a honestidade, muitas vezes anda na contramão das coisas. A desonestidade, o velho “jeitinho brasileiro”, o levar vantagem em tudo, é sinônimo de lograr êxito, ser esperto e sedar bem, mesmo que tudo isso seja prejudicando o próximo de alguma forma.em determinados momentos nos deparamos com uma situação onde nossa honestidade é colocada à prova, é nessas horas que toda a nossa credibilidade ético-moral pode ruir em fração de segundos como um castelo de cartas a um simples sopro.

Quem já não achou algo de valor perdido, seja na rua ou em qualquer lugar e pensou de imediato em se apoderar? Quem já não achou um celular e cogitou em tirar o chip no mesmo momento para o dono não ligar e descobrir? Quem já não encontrou uma carteira e na mesma hora teve o impulso de retirar o dinheiro e jogar fora os documentos ou entregá-los sem a grana? Lógico que esses fatos já aconteceram com alguém, ou até conosco mesmo, e a primeira coisa que nos vêm à mente é: OBA, ME DEI BEM!!! Algo semelhante já aconteceu comigo, e semana passada aconteceu com a minha esposa, a Michel Cheng, bem, vou relatar os fatos pormenorizados. Minha esposa sempre gosta de comprar frutas numa banca na feira livre aqui em Olinda, e da última vez que foi lá para comprar algumas frutas como uvas e cajus que ela adora, fez o pedido, quando o vendedor estava separando as frutas, eis que ela avista no chão um dinheiro dobrado, ela olha para os lados e não havia ninguém ao redor, só ela estava na banca, então ela se abaixa e pega o dinheiro, conta e verifica que tem 120 reais, como não havia ninguém comprando, só ela, então ela deduziu o seguinte, ou era de algum cliente que estivera ali antes dela, ou era do dono da banca. Na mesma hora o que passou na sua mente era: OBA, ME DEI BEM!

Mas depois de alguns segundos ela reflete e diz pra si mesma, essa grana não é minha, ou é de alguém, ou do vendedor, e se for dele, não é correto sair na surdina com um dinheiro que não era meu. Então ela, com os seus princípios cristãos bem solidificados, dá uma de boa samaritana e pergunta ao vendedor: moço, esse dinheiro é seu, você perdeu? Ele na mesma hora, como uma fera que voa em cima da presa arrebata o dinheiro da mão dela e diz que a grana é sua, mal agradece e só se preocupa em contar o dinheiro e se regozijar pelo prejuízo frustrado que iria lograr, e como recompensa, diz a minha esposa que levasse um caju de agradecimento, já que o preço do caju era 4 por 2 reais, ela levou 5 pelo mesmo preço, e o que ela pagou pelas uvas e os cajus foram 6 reais, ou seja, o cara se safou de perder 120 reais, e não aliviou a conta de 6 reais de minha esposa, vai entender...

Quando ela me ligou no trabalho, eu ri largado, e disse que daria pra ela os 6 reais como consolo, kkk.

Paulo Cheng


13 comentários:

  1. Macedo da Silva, Natal, RN.

    Paulo, ser honesto é algo fácil e ao mesmo tempo difícil, pois numa situação dessas que foi descrita no texto oscilamos entre fazer o correto e levar vantagem numa situação inesperada. O velho "levar vantagem" é algo que permeia nossos pensamentos, pois quem não quer ganhar algo sem esforço? Que bom que sua esposa tomou a decisão correta, mesmo não tendo uma resposta à altura do vendedor, mas a melhor coisa é dormirmos em paz em nossas camas.

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  2. Paulo, meu amigo, tudo bem?
    Complicado isso...
    o tal princípio de honestidade.
    Os valores estão tão deturpados que as pessoas amam as coisas acima das pessoas, e o respeito, a ética, entram no roldão, dentro desse comportamento.
    O exemplo foi muito feliz, para ilustrar isso.

    Abração para ti e beijinhos na Michel. Depois conta para nós como está a nova casa.
    Ótimo fim de semana :)

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  3. É incrível meso isso...De um lado a honestidade de tua esposa que agiu bem e do outro a safadeza e avareza juntas...

    E disso estamos cheios por perto sempre!!!abração,chica

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  4. pois, meu caro amigo,
    episódios destes quem os não viveu já? eu tenho por princípio devolver sempre o que não é meu, mas assegurando que o faça àquele com plenos direitos sobre o achado. estou plenamente convencido de que o vendedor de caju ganhou uns reais extra num concurso em que nem se inscrevera, hehehe.
    um abraço!
    p.s. acabo de descobrir, pela foto que exibes, que o caju é o equivalente ao dióspiro, cá em portugal - fruto que adoro! a propósito, no meu pedacinho verde de quintal apenas tenho duas árvores de fruto: um limoeiro e... um diospireiro :)

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  5. Paulo, lamentavelmente a sociedade é assim, e acredito desde que o mundo é mundo e assim continuará sempre. Não sei se chega ser encarado como desonestidade algo desse tipo, como bem exemplificou no relato de sua esposa, mas uma questão de consciência. Sua esposa pelos bons valores enraizados dentro dela teve condições de fazer a escolha correta. Outros são tomados pelo impulso, e embora honestos, naquele momento não tiveram a frieza e o emocional de suas consciências estáveis, digamos assim, para fazer a mesma opção de sua esposa. Mas esse é um bom debate. É uma questão de desonestidade ou simples impulso por uns controlados e por outros não? Mas também não abandono por completo a ideia de atitudes contrárias à de sua esposa serem atos de pura desonestidade também. Um grande abraço.

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  6. na real ela fez a parte dela. Mal educado foi ele e mal-agradecido foi ele, então tua esposa tem que ficar de mente tranquila, pois ela mostrou que tem caráter e quando fazemos uma boa ação, não devemos esperar nada em troca (mesmo que isso seja lindo na teoria e que na prática sempre acabamos esperando sermos recompensados hehe).

    Abss!

    Palavra Vadia:
    http://palavravadia.blogspot.com

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  7. Tenho visto, especialmente na imprensa, valorizarem a honestidade como se fosse mérito em vez de conduta normal. Sintoma grave. Outro dia na tv ficaram dois dias falando de um gari (que virou uma espécie de herói) por ter encontrado 20.000 numa carteira no lixo e devolveu ao dono. rsrs. Abraços. Paz e bem.

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  8. Chengão eu vou te ajudar! Te mando 1 real pra ajudar aí nesses seis que vai dar pra Michel! Só que o correio é mais que isso então vou te dar o numero da minha conta e você me manda 5 reais pro sedex tá! Hahahahahahahahahahaha.


    É meu amigo, a coisa tá feia mesmo!

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  9. Chengão!
    Nossa vc esteve sumido! Tudo bem por aí? Muita correria?

    Olha...esse lance de querer ser honesto no Brasil é complicado..sua mulher foi uma boa samaritana mas eu fico me perguntando se aquele dinheiro era realmente do comerciante..porque pra mim pareceu que ele foi esperto e passou a perna em sua mulher alegando que a grana era dela sendo que a grana provavelmente foi de algum cliente.
    Eu já encontrei grana na rua e peguei pra mim.
    Acho que a honestidade tem limites e eu admito que se descolo um desconto em alguma coisa eu fico quieta XD. Tá errado mas...já foi rs.

    Ah vos clássicos originais da Disney são incomparáveis. Sabe, eu até acho legal alguns novos desenhos da Disney porém...eles carecem de uma magia que só os contos mais antigos possuem. Sei lá acho que eram os produtores ou a época...só sei que era melhor os antigos do que os atuais...davam sempre margem para referêndcias. Eu costumo dizer que a verdadeira Disney temrinou entre Corcunda de Notre Dame/ Rei Leão.
    Eu tenho todos os clássicos da Disney em DVD *_*.
    bjs!!!!!

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  10. Nossa, que situação essa ein. E o pior é que hoje em dia, muito provavelmente por causa desse jeitinho brasileiro, as pessoas estão desconfiadas e portanto não acreditam na possibilidade alguém tomar uma atitude como essa de fazer a coisa, independente se é depois de uma reflexão ou não. Talvez por isso vendedor nem se deu ao trabalho de agradecer, por achar que era bom demais pra ser verdade.

    Muito interessante a sua abordagem do tema. Ficou um texto de prender bem a atenção de jeito.

    E muito obrigado pela sua participação sempre bem vinda comentando no Olhar Receptor. grande abraço e um ótimo final de semana pra vc

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  11. No final das contas, Paulo, ela teve a consciência de fazer o que era correto e justo, mesmo talvez não sendo o dinheiro do barraqueiro mesmo... Eu já não espero muito das pessoas; faço o que me compete, sem esperar que venha qualquer tipo de retribuição ou agradecimento (até este as vezes falha).
    Até!

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  12. Tenho cá minhas duvidas de que essa grana seria dele,pois a maneira como vc descreve me parece ser de algum cliente,e pobre do infeliz que perdeu.Para um trabalhador que ganha salario minimo perder 120,00 é uma fortuna...Putz!Se eu perco dez ficou doida!Mas é isso aí,a gente tem esse tipo de consciência,e tem atitude como essa como da tua esposa.E esses políticos,fdp,não!Quanto mais eles roubam,mais eles querem!
    Mas quem sabe né?Um dia eles passam por aqui leem teu texto e começam a pensar melhor a respeito de roubar do povo que ganha honestamente com suor e sacrifício seu misero salario do mês e as coisas comecem a mudar.Vamos sonhar...não custa nada!
    Boa semana
    Bjca

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  13. nao queria que ele postasse esse texto,pois pareceu que eu fui a trouxa da historia,mas vou contar mais ou menos como foi...eu de manha tava indo numa venda de frutas e verduras,isso bem cedinho de manha...o estabelecimento estava como se tivesse aberto a poucos minutos...entao la estava o tal dinheiro no chao perto de um balcao de inhame...eu olhei pra ele(o dinheiro) ele olhou pra mim(o dinheiro)..eu fiquei sem açao achava que era miragem...mas vi q nao tinha ninguem percebendo e pisei em cima...apesar que dinheiro é algo que vc sempre tem duvida se devolve ou nao,pois todos irao dizer que é seu...eu fiquei pensando de quem será esse dinheiro todo?tinha uns trabalhadores que estavam descarregando as frutas,umas donas de casa comprando,e o dono da venda coordenando o movimento das mercadorias...senti que Deus falava comigo...e me senti culpada por querer ficar,entao pedi a Deus que eu fosse na pessoa a quem havia perdido,eu mostrei o dindim ao dono da banca e ele me provou que o tao cobiçado dinheiro era dele,embora um tanto grosseiro,ele abriu a carteira e tinha muito dinheiro e o mesmo mandou um funcionario chamar uma outra pessoa pra atestar que o dinheiro era dele,pois na hora em que o mesmo foi trocar dinheiro pra outro feirante nao havia percebido que o dindim havia caido no chao,me agradeceu secamente com um caju a mais dentro das mercadorias que paguei que foi em torno de 6 reais..e eu devolvi ao mesmo 120 reais...fiquei com raiva porque ele deu um bote na minha mao e achei ele meio ignorante,mesmo depois da minha obra de caridade,mas sei que quem espera gratidao da humanidade pode se frustrar,o melhor é esperar de Deus e ter a consciencia tranquila de nossos atos...mas ate que me deu vontade de ficar com o dindim pra pagar minhas contas,pois nao é todo dia que se acha dinheiro no chaokkkk.
    michel cheng, a propria!

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