sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Filantropia ou jogada de marketing?

 Quanto vale um sonho? O que daríamos para ver realizado um grande sonho? A vida para a maioria das pessoas é cruel, e o pior, muitos continuarão por toda a vida comendo, bebendo e morando mal, e sem perspectiva nenhuma de melhora.

Milhões de pessoas mundo afora sonham em mudar sua sorte do dia pra noite, como num passe de mágica, alimentam essa esperança, porém elas têm que conviver com a dura realidade de suas vidas. A sorte, se é que ela existe, costuma visitar a poucos, não escolhe cor, sexo, chega abruptamente e muda tudo, alguns chamam de Providência Divina, bem, independente de onde se origine o fato, a mudança é tangível e sempre bem vinda.

Não sou muito fã de programas brasileiros de TV, mas há alguns que chamam a minha atenção por determinados quadros, e um deles é aquele onde se contempla pessoas carentes, um desses quadros é o do programa do Gugu: “De volta pro meu aconchego”. Ele funciona da seguinte forma: famílias carente que estão numa situação paupérrima e longe de suas cidades natais e que atualmente moram em São Paulo escrevem uma carta ou e-mail para a produção do programa, sendo escolhidas, recebem uma visita surpresa do apresentador Augusto Liberato, então a tão sonhada mudança de vida, que até então não passava de utopia, se torna real.
Tenho acompanhado esse programa e algumas histórias de famílias carentes me emocionaram muito, as condições de vida subumanas no qual algumas famílias são submetidas são de partir o coração, confesso que chorei largado com certas situações. A maioria dessas famílias é nordestina, que migraram para o Sudeste na esperança de dias melhores, mas sem qualificação ou estudo, são forçadas a sobreviverem se subempregos e morarem em morros e favelas engrossando assim o grande filão de miseráveis que vegetam nos subúrbios sem as condições básicas que um ser humano necessita para sobreviver.

Como comentei outrora, ao receberem o Gugu em suas casas, as pessoas contam suas tristes histórias de vida e o programa se compromete de organizar a viagem de volta com tudo pago, fora que além das famílias tomarem um banho de loja, geralmente ganham uma casa mobiliada em sua terra natal para recomeçarem suas vidas com conforto, dignidade e um novo norte, nada mais justo para pessoas sofridas que trabalharam duro para vencer na vida em uma terra distante e inclemente. Bem, vamos analisar o outro lado, lógico que essa “filantropia” que o programa oferece tem um cunho marqueteiro por trás disso, os móveis, materiais de construção, roupas e outras coisas que são oferecidas para as famílias provém de empresas que firmam contrato com a Record para doarem seus produtos, em contrapartida têm seus nomes divulgados no programa como forma de merchandising, com isso, lucra a empresa que tem seu nome divulgado em rede nacional e o programa, que alavanca Ibope.

Ok, mas e dai? Se por trás disto há famílias que são beneficiadas com esse jogo de marketing, então que seja assim, a transformação e mudança de vida que algumas famílias alcançaram mediante esse jogo de marketing não tem preço, pessoas que são resgatadas da sarjeta, de uma vida indigna e que tem sua autoestima e dignidade resgatada é algo louvável, e por isso eu fico satisfeito com iniciativas como esta, pois se não houvesse esses gestos, provavelmente as famílias contempladas até agora pelo programa do Gugu provavelmente continuariam amargando pobreza e sofrimento pelo resto de suas vidas, é assim que penso.

Paulo Cheng

10 comentários:

  1. Macedo da Silva, Natal, RN.

    Caro Paulo, um ponto de vista bem interessante, visto que o poder público que deveria garantir as condições mínimas básicas de sobrevivência e não faz, mas nessas iniciativas particulares, mesmo com o intuito de ganhar marketing, se consegue tirar da miséria vidas, que assim seja, essas famílias que ganham nesses quadros estão pouco se lixando se o Ibope do programa está aumentando ou não, são suas vidas que estão em jogo, e sua felicidade também, compartilho com teu ponto de vista. E até que enfim um texto teu depois de semanas, meus parabéns.

    Abraço amigo.

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  2. Paulo,

    Concordo com a sua análise, mas percebo além do marketing e filantropia, a questão da audiência. Isso acontece também no programa do Luciano Huck que entendo o seu papel social. Assim, penso que não deveria acontecer essas ações em um cenário de mercado, mas se existe que pelo menos se beneficie os menos favorecidos.

    Lu

    http://lucianasantarita.blogspot.com/

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  3. Já que o governos nada ou quase nada faz, que venhas essas iniciativas, mesmo que com outro intuito...Pelo menos, alguns se beneficiam...abração,chica

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  4. cara, tudo isso se resume a uma frase que ficou famosa vindo de Maquiavel (mesmo que a frase não seja dele): "Os fins justificam os meios."

    Independente do cunho marqueteiro que tenha, ou de audiência, abatimento nos impostos, etc, não podemos tapar o sol com a peneira. O certo seria o governo bancar essas famílias, ou todas famílias, tando oportunidade de emprego em seus estados. Porém, isso não acontece, então sobra para as empresas privadas. MUITOS criticam as igrejas universais e afins, porém mesmo elas fazendo uma lavagem cerebral, muitos drogados, assaltantes, gente pobre etc, deixaram essa vida para se dedicar a Deus e tornarem-se pessoas melhores. Sei que esse assunto daria muito pano para manga, mas acho que independente do decorrer da estrada, mesmo que empresas ganhem marketing e faturem com isso, o importante é que pessoas são ajudadas e incentivadas a melhorarem de vida.

    O único grilo é o que elas farão depois. Acho que junto com todo esse aparato de coisas, o programa deveria arranjar emprego. Não adianta dar todo esse conforto sem a pessoa conseguir manter.

    Enfim...

    No comentário do outro post coloquei sobre o livro que me recomendou, achei ele.

    Abss!

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    Site Oficial: JimCarbonera.com
    Rascunhos: PalavraVadia.blogspot.com

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  5. Diante de tudo o que foi comentado aqui uma coisa é certa: no Brasil ainda existe pessoas de bom coração e graças a Deus por isso. Podemos assim dizer que pessoas de atitudes e de ação, como diria uma certa música - "...não apenas de palavras Cristo reina hoje..." - louvado seja o nome do Senhor! Amém e graça a Deus.

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  6. Oi, Paulo! Tudo certo?

    Bom...em primeiro lugar o sr. Augusto Liberato deveria ter respondido de forma mais adequada àquela história da entrevista com os "membros" do PCC, lembra? A tal "dupla do PCC", na verdade uma bela armação, foi entrevistada por uma equipe do programa deste cidadão quando ainda era do SBT. Na armação os "bandidos" ameaçaram políticos, jornalistas de morte e até citaram o Padre Marcelo Rossi. Imagine como essas pessoas ficaram ao assistirem na TV dois encapuzados falando em nome do PCC e ameaçando-as de morte?

    Claro que o sr. Augusto Liberato falou que "não sabia de nada" para a polícia.

    Este episódio demonstra o que o referido apresentador faz por audiência.

    Desta forma, eu já ouvi falar deste quadro no programa do apresentador - o "de volta pro meu aconchego" - e nunca assisti. Explora um filão assistencialista com forte carga emocional visando apenas audiência. Ajuda a algumas pessoas sorteadas, é verdade...e pessoas em situações de extrema pobreza, difícil não se comover - mas também são usadas visando apenas audiência e fins marqueteiros. Contudo acho que essas pessoas precisam, sim, de ajuda imediata e palpável mas sempre há o "depois", principalmente quando retornam às suas amadas e saudosas terras.

    Sei que fui um tanto chato, grande Paulo, mas é por aí...rs Não vou alongar muito mais sobre isso.

    Um abraço!

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  7. A verdade é que tudo o que eu desejava escrever aqui, o Jaiminho(não... não foi chaaato!rs) bem colocou... só posso dizer qeu assino embaixo.

    Vc voltou com tudo, heim!? Estou gostando de ver...

    Ah, percebi que o blogger está de onda comigo... eu atualizei meu blog, mas aqui do lado direito de seu bloguinho não está aparecendo a atualização! :/ Puxa que puxa... sacanagem com o Umas e outras... então, apareça lá, visse? Pois tem postagem nova!!

    Abraçããããoo JoicySorciere => Blog Umas e outras...

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  8. Concordo com Jaime, Joicy, Jim e outros, realmente há o depois, não se pode dar um peixe e não ensinar a pescar, mas em alguns programas vejo também que, quando a família retorna à cidade natal, bem, tem uma casa nova pra morar, mas parece que, em algumas situações a produção entra em contato com as prefeituras locais e os prefeitos conseguem escola para a criançada e um emprego para os pais de família que precisam trabalhar, concordo com o que o Jaime disse à respeito do Gugu, realmente o cara faz de tudo para ter audiência, mas neste post não quis focar somente o lado profissional e inumano dos programas na busca de ibope, lógico que no fundo o Gugu, a Record e as empresas que doam móveis e roupas para as famílias não estão nem ai com os pobres, mas se coloquem no lugar das famílias, elas também não estão nem ai se estão sendo usadas ou não, já que o governo está cagando pra elas, então que essa ajuda venha do Gugu, da Record ou seja lá quem for.

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  9. Oi Paulo!
    Eu nunca tinha visto a situação por esse lado.
    Realmente é algo a se pensar.
    Se bem que hoje em dia, filantropia tem sempre algo por trás, não é?
    Mas pelo menos eles estão ajudando as pessoas, é uma causa nobre. Não tão nobre quando as empresas visam apenas o marketing =/
    Abração

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  10. Bela postagem Chengão! Voltou bem hein marélim?

    Eu acho que o Gugu faz um draminha maior que o Luciano Huck. Aqui em Barretos o Luciano reformou a casa de um pessoal. A casa ficou boa mesmo. Linda de verdade. Isso tem menos de dois anos e a casa está um bagaço. Infelismente algumas pessoas não cuidam de uma alegria como essa como deveriam cuidar!

    Um abraço véio!

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