Foto extraída da internet |
“tanto riso, oh quanta alegria, mais de mil palhaços no
salão, Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão...”
Bem, nem tudo é alegria nos dias de folia na festa do Rei Momo, apesar de todo
o colorido, das músicas agitadas e das fantasias aberrantes, o saldo do
carnaval é algo amargo, indigesto e real.
Tecer comentários sobre o carnaval é algo antagônico, ou
se exalta a festança exacerbada que explode Brasil inteiro ou se ressalta um
lado que muitos enxergam, mas tentam ignorar. O carnaval é uma festa popular, que já faz
parte do calendário de feriados em nossa nação, e que baita de feriado,
feriadão, afinal de contas, oficialmente, a nação brasileira simplesmente para
durante quatro dias e meio (tem ainda a quarta-feira de cinzas, lembram?) para
dar passagem à folia de momo, e a palavra de ordem é: liberar geral!
Do Oiapoque ao Chuí, o povo brasileiro, ou a grande
maioria dele, se entrega de corpo e alma às festividades carnavalescas, seja no
maior bloco do mundo que é o Galo da Madrugada que arrebanha mais de um milhão
de pessoas no centro do Recife, seja subindo as ladeiras de Olinda atrás das
troças de frevo ou dos bonecos gigantes, seja no suingue do axé nos trios
elétricos na Bahia, seja em sambódromos como em São Paulo e Rio para prestigiar
as agremiações de samba, seja em polos armados nas capitais onde desfilam
artistas dos mais diferenciados ritmos e segmentos se apresentam, seja em
clubes revivendo marchinhas antigas, ou simplesmente nos bairros e ruas de
nossas cidades nas brincadeiras simplórias de molha molha, mela mela, enfim, as
alternativas são infindas, tem folia para todo mundo, ninguém fica de fora,
pois o carnaval é uma festa democrática.
Mas afinal, será que durante esses dias no qual a nação
está entregue ao rei Momo, só é alegria e diversão? Bem, não é bem assim, para
que o Brasil pare a sua economia e demais áreas para propiciar um feriadão de
folia para o povão, há um preço pago que é alto, altíssimo, e a conta é amarga,
porém, esse lado nefasto não é muitas vezes explicitado na mídia, pois é
assombroso. Comecemos pela segurança, lógico que, em todo evento aberto há
violência, no entanto, no carnaval, os índices de assaltos, estupros,
homicídios, arrombamentos de residências, brigas e afins atingem picos altíssimos.
Os hospitais superlotam com pessoas feridas, passando mal devido a overdoses de
bebidas e drogas, e depois que o feriadão é findado, continua o fluxo de
pessoas acometidas por doenças e vírus adquiridos no evento.
A depredação a prédios públicos e privados também fazem
parte da festança, alguns foliões, ensandecidos, bêbados e drogados saem a esmo
destruindo tudo o que veem pela frente, e os prejuízos muitas vezes nem
conseguem ser contabilizados. A sujeira e a imundícia toma conta dos grandes e
pequenos centros e o acúmulo de lixo que é produzido neste período é absurdo, e
cidades onde essa festa é tradição como Recife, Olinda, Salvador, Rio de
Janeiro e São Paulo viram verdadeiros lixões a céu aberto.
O carnaval é uma festa que, ao contrario do que muitos
pensam, vem também para desestruturar vidas e famílias Brasil afora. Neste
período, traições e adultérios são consumados de forma banal e em números
absurdos, os níveis de alcoolismo e consumo de drogas vão à estratosfera, os
vírus e doenças venéreas se alastram absurdamente, as rusgas e desavenças nos
lares desestruturam os relacionamentos, namoros, noivados e casamentos são
desfeitos, as delegacias não cessam de receber vítimas de furtos e roubos, turistas
estrangeiros desembarcam em nosso país somente com o intuito de endossar o
‘turismo sexual’, o trânsito é mudado e desviado drasticamente causando
transtornos na trajetória de milhares de pessoas que precisam trabalhar ou
chegar ou sair de suas casas, isso sem contar os exacerbados gastos públicos
onde milhões e milhões de reais são retirados do erário para ser injetado no
carnaval, seja para montar estruturas e decoração atípica, ou também para pagar
cachês milionários a artistas que, por uma hora de show conseguem arrematar a
bagatela de 200, 300 mil reais, ou mais, dependendo do artista, dinheiro esse
que poderia muito bem ser investido no sucateado sistema de saúde ou na
educação. Esta conta é alta, e quem patrocina é o folião que, se diverte
durante os quatro dias de festa, e caso precise de algum atendimento médico
devido a algum acidente causado durante a festa, irá amargar o péssimo
atendimento do SUS, que poderia ter uma estrutura muito melhor caso todo esse
derrame de dinheiro público fosse canalizado para o melhoramento de sua estrutura.
Bem, eu poderia escrever parágrafos a fio sobre esse lado
nefasto do carnaval, mas ai você pode me indagar: “mas Cheng, deixa de ser
pessimista e extremista, muita gente boa sai de casa, brinca o carnaval e volta
numa boa, afinal de contas, é um feriado merecido e uma festa que está
arraigada na cultura brasileira”, beleza, lógico que muita gente brinca numa
boa, sem violência, e que, sem dúvida, esse feriadão serve para revigorar as
forças de boa parte da população brasileira, mas para que isso aconteça, há uma
conta muito alta a ser paga por isso, e muita dor, sofrimento e pranto precisa
coexistir para que o carnaval alegre a população, e quando a quarta-feira
ingrata chegar, e na quinta-feira recomeçarmos a nossa rotina, esses quatro
dias onde serviu de válvula de escape para fugirmos de nossas (muitas vezes)
tristes realidades se dissipará e, em muitos casos, a triste realidade só irá
se acentuar devido a algum assalto sofrido, um vírus ou doença adquirida, uma
separação ou adultério consumado ou qualquer outro infortúnio causado nos dias
de folia, mas isso não importa, o que vale mesmo é a alegria, a animação e tudo
isso faz parte, afinal de contas, como diz o adágio popular: “nós sofre, mas
nós goza”.
Paulo Cheng
Eu nunca gostei de Carnaval, mas respeito quem goste. E sempre que ele chega, rezo e peço que seja de Paz, sem mortes nas estradas pelas bebidas, sem assaltos. Pena que minhas preces nunca são ouvidas! Aqui no RS resultado ao final dele é de tragédia pura! Pena! abração,chica
ResponderExcluirOi Rejane, pena que essa festa tenha tomado uma conotação tão negativa, mas teremos que aturar isto, pois os governantes e a maioria de nossa população gostam desse evento nefasto, fazer o quê?
ExcluirAbração pra ti.
Oi Chengão! Puxa rapaz, que textão! Grande mas muito bem escrito. Parabens.
ResponderExcluirEu já gostei de carnaval, hoje entendo que ele virou algo ruim, pois a libertinagem reina no governo de Momo. Mas falar não vai adiantar, porque falaríamos contra a Globo, e nesse país, ninguém fala contra o que ela zela.
Um abraço meu amigo!
Fala Mansim, também já brinquei o carnaval, mas mesmo naquela época eu ia contra vontade, com os amigos e embriagado, mas caí na real que aquilo nunca prestou.
ExcluirGrande abraço.
Carnaval para mim é um estado de espírito.Amo esses dias de folia!Amo festas!Cabe a pessoa saber(ou não),que tipo de Carnaval ela quer pra si.O que importa,é estarmos em paz com a nossa consciência,e curtimos essa época,da melhor forma possível.Mas,claro que existem aquelas pessoas que confundem tudo,tornando-se seres um tanto irracionais nessa época.Bebem demasiadamente,brigam,morrem;enfim,fazem várias barbáries.Esse é o lado ruim do Carnaval.
ResponderExcluirInfelizmente,o Carnaval,hoje,tornou-se um grande negócio,onde a grande massa da população está totalmente excluída.Também,há falta de infraestrutura mínima para os foliões de rua,pelo menos aqui no Rio de Janeiro é um horror;algo que me envergonha.
E eu,vou sobrevivendo ao Carnaval,enquanto eu achar graça nele.
Beijão,Cheng!Dani.
Oi Dani, bem, respeito quem gosta da folia, mas se formos analisar friamente, sem a emoção de folião, veremos que esse evento traz para a nação mais prejuízos que lucros, porém teremos que sobreviver ao carnaval, rs
ExcluirAbraço pra ti.
Carnaval? Festa dá carne?Como preferir,esse evento jamais atrairá benefícios para nossa nação,pois o cálculo deve ser feito apartir dos estragos causados,e que óbviamente a maioria dá população não deve arcar com as despesas Gerais enquanto a minoria que retorna em paz para suas casas anestesiadas com a alegria passageira,devemos ser uma nação unida,será?Sediando a Copa com muitos outros deveres sociais sendo deixados as traças isso já virou costume afinal é o mesmo feito no carnaval,enquanto isso relaxe e goze,nação que não conhece o significado do seu hino,que será visto pelo mundo todo,e será julgado e condenado por proferir o que não vivemos,mas afinal que se dane!
ResponderExcluirVLW CHENG PELO ESPAÇO!í
Não sei se vc é a Sandra Karla, mas concordo com o teu comentário, lógico que todo divertimento é efêmero, porém, há alguns que nos agrega conhecimento e coisas boas, porém o carnaval não vejo isso.
ExcluirAbraço pra ti.
Paulo, meu amigo de fé!
ResponderExcluirTudo bem guri?
:)
Pois é... carnaval... eu até coloquei uma foto de capa lá no facebook com o desenho de um disco voador e dizendo: "volto depois do carnaval" :)
Minha vontade era mesmo de ser abduzida, no entanto... não deu ainda desta vez hehe Mas viajei para longe, com certeza.
Infelizmente a coisa está como está e como bem você escreveu. Se eu pudesse ressaltar algo de bom deste último carnaval, penso que a escola que venceu com o tema do Senna estava ESPETACULAR! A única coisa que assisti, mas valeu por tudo. Uma bela da homenagem. No demais, tenho saudades do bom samba de partido alto... e da minha primeira diva, a inesquecível: Clara Nunes!
Texto oportuno esse teu. Parabéns!
Abração!
Poxa Cissa, fomos dois que esperávamos ser abduzidos, mas os danados dos alienígenas nos deram um bolo, rs. Não acompanhei os desfiles mas o Senna mereceu a homenagem, e obrigado pelo comentário,
ExcluirAbração pra ti guria.
talvez tenha sido por ler este teu texto que o primeiro ministro de portugal não decretou feriado ou tolerância de ponto no carnaval, este ano, caro amigo :)
ResponderExcluirbrincadeiras à parte, não poderia estar mais de acordo contigo; talvez por essa razão (e mesmo sabendo que a festividade tem pouca expressão em portugal e de modo especial em mim mesmo) tenha passado o dia inteiro a trabalhar.
um abração!
Grande poeta lusitano, prazer em ter você por aqui, e o ministro de Portugal estava certíssimo, poupou o país de muitos prejuízos, mesmo sendo os cidadãos desta nação europeia educados. E também trabalhei no carnaval, mas sobrevivi.
ExcluirUm grande abraço pra ti amigo.