Meu sobrinho Samuel |
Quando eu era pequeno, lembro de que
discutia e brigava com meus irmãos pelos motivos mais banais, mas logo em
seguida já estávamos nos falando e brincando como se nada tivesse acontecido.
Não sobrava nenhum ressentimento ou resquício de ódio.
Hoje, depois de algumas décadas, e
algumas rugas na face, observo o quão complexo são os relacionamentos entre nós
adultos. Os adultos, pelo fato de serem maduros e de acumularem experiências ao
longo do tempo, deveriam tornar os relacionamentos mais simples, sem tantas
reservas ou rusgas inúteis.
Nós adultos, quando nos decepcionamos
com alguém ou recebemos algum tipo de ofensa, a primeira atitude é revidarmos
na mesma proporção, mas, ao contrário das crianças, que logo fazem as pazes sem
ressentimentos, retroalimentamos o ódio e o rancor e rompemos as relações de
forma abrupta.
Há por exemplo pessoas que receberam uma
simples palavra negativa e alimentaram um sentimento negativo no coração e que
ao longo do tempo descambou numa doença psicossomática, desaguando num câncer
ou algo parecido. O ódio corrói lentamente a alma, traz azedume ao coração e
nos torna pessoas amargas e sem vida.
Por que não conseguimos ter um coração
simples e singelo como os das crianças? Por que, com o passar dos anos,
perdemos a inocência e pureza inerente a elas?
A lógica dos relacionamentos bem
sucedidos é bem paradoxal. Os adultos, que na teoria deveriam dar exemplos de
relacionamentos maduros e estáveis estão a anos luz das crianças, onde nos
mostram que são experts em espontaneidade e desprendimento.
Na Bíblia, tem uma passagem onde Jesus
está com os apóstolos ensinando e chama uma criança e a põe no colo, todos os
adultos que estavam à sua volta não entenderam nada, e o Mestre vocifera: “Em
verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como uma
criança, não entrará nele." Moral da história, Jesus reconhece que
as crianças, por terem um coração puro e isento de maldade, recebem as coisas
com amor, alegria e receptividade e têm uma capacidade de perdoar ímpar.
Que tal, pelo menos neste aspecto,
voltar a sermos crianças?
Paulo Cheng
O bom é quando conseguimos ser adultos, sem perder a inocência e a capacidade de apreciar as coisinhas mais simples da vida! Lindo aqui! abração,chica
ResponderExcluirTens razão Chica, mas infelizmente perdemos esse dom de sermos singelos como as crianças á medida em que nos tornamos adultos, pena. Valeu pelo comentário.
ExcluirAbração pra ti.
quando penso no que fomos e no que o tempo em nós modelou, é impossível pensar em rousseau e no mito do bom selvagem... como seria bom despirmos a capa vetusta da sabedoria, da intransigência, da experiência superior, da intolerância, da indiferença, da inveja... que secciona, segrega e afaste? quando crianças, tudo é apenas arrufos triviais que raramente provêm da parte mais profunda do ser...
ResponderExcluircomo habitualmente, paulo, uma reflexão que toca e nos aproxima de um ideal que sabemos não existir plenamente mas que podemos trazer para bem próximo de nós, qualquer que seja a idade e o tempo...
um abraço vivo!
Jorge, concordo contigo, como seria bom se com frequência pudéssemos agir com esse sentimento puro inerente às crianças. Agradeço pelo comentário, um grande abraço.
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