sábado, 3 de maio de 2014

Quero ser criança

Meu sobrinho Samuel
Quando eu era pequeno, lembro de que discutia e brigava com meus irmãos pelos motivos mais banais, mas logo em seguida já estávamos nos falando e brincando como se nada tivesse acontecido. Não sobrava nenhum ressentimento ou resquício de ódio.

Hoje, depois de algumas décadas, e algumas rugas na face, observo o quão complexo são os relacionamentos entre nós adultos. Os adultos, pelo fato de serem maduros e de acumularem experiências ao longo do tempo, deveriam tornar os relacionamentos mais simples, sem tantas reservas ou rusgas inúteis.

Nós adultos, quando nos decepcionamos com alguém ou recebemos algum tipo de ofensa, a primeira atitude é revidarmos na mesma proporção, mas, ao contrário das crianças, que logo fazem as pazes sem ressentimentos, retroalimentamos o ódio e o rancor e rompemos as relações de forma abrupta.

Há por exemplo pessoas que receberam uma simples palavra negativa e alimentaram um sentimento negativo no coração e que ao longo do tempo descambou numa doença psicossomática, desaguando num câncer ou algo parecido. O ódio corrói lentamente a alma, traz azedume ao coração e nos torna pessoas amargas e sem vida.

Por que não conseguimos ter um coração simples e singelo como os das crianças? Por que, com o passar dos anos, perdemos a inocência e pureza inerente a elas?

A lógica dos relacionamentos bem sucedidos é bem paradoxal. Os adultos, que na teoria deveriam dar exemplos de relacionamentos maduros e estáveis estão a anos luz das crianças, onde nos mostram que são experts em espontaneidade e desprendimento.

Na Bíblia, tem uma passagem onde Jesus está com os apóstolos ensinando e chama uma criança e a põe no colo, todos os adultos que estavam à sua volta não entenderam nada, e o Mestre vocifera: “Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como uma criança, não entrará nele." Moral da história, Jesus reconhece  que as crianças, por terem um coração puro e isento de maldade, recebem as coisas com amor, alegria e receptividade e têm uma capacidade de perdoar ímpar.

Que tal, pelo menos neste aspecto, voltar a sermos crianças?


Paulo Cheng


4 comentários:

  1. O bom é quando conseguimos ser adultos, sem perder a inocência e a capacidade de apreciar as coisinhas mais simples da vida! Lindo aqui! abração,chica

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tens razão Chica, mas infelizmente perdemos esse dom de sermos singelos como as crianças á medida em que nos tornamos adultos, pena. Valeu pelo comentário.

      Abração pra ti.

      Excluir
  2. quando penso no que fomos e no que o tempo em nós modelou, é impossível pensar em rousseau e no mito do bom selvagem... como seria bom despirmos a capa vetusta da sabedoria, da intransigência, da experiência superior, da intolerância, da indiferença, da inveja... que secciona, segrega e afaste? quando crianças, tudo é apenas arrufos triviais que raramente provêm da parte mais profunda do ser...

    como habitualmente, paulo, uma reflexão que toca e nos aproxima de um ideal que sabemos não existir plenamente mas que podemos trazer para bem próximo de nós, qualquer que seja a idade e o tempo...

    um abraço vivo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Jorge, concordo contigo, como seria bom se com frequência pudéssemos agir com esse sentimento puro inerente às crianças. Agradeço pelo comentário, um grande abraço.

      Excluir

Olá queridos, você está em meu site, o paulocheng.com, um espaço onde eu escrevo e posto minhas impressões, meus devaneios, minhas inspirações e sandices, desde já agradeço pelo acesso, lembrando que você não é obrigado a comentar, pois não há uma obrigatoriedade ou imposição, caso você não ache interessante ou esteja com preguiça, não tem problema, o que quero aqui é o prazer acima de qualquer coisa, e não obrigatoriedade, ok? Que Deus possa te abençoar em Cristo Jesus.