domingo, 13 de julho de 2014

O Jesus que não adoro

Imagem extraída da internet
Quem foi Jesus Cristo? Bem, esta é uma pergunta objetiva e subjetiva ao mesmo tempo, fácil e difícil de explicar, e em algumas vezes, impossível, levando-se em consideração o seu lado divino, e se formos adentrar neste âmbito, só nos restariam especulações, pois o espiritual e o intangível fosse à previsibilidade lógica de nossas mentes, e só a fé pode conviver com isso de forma harmoniosa.


Neste texto, vou tentar levantar uma questão pontual, é a forma que alguns religiosos enxergam a Jesus e o modo como eles servem a Ele, e esta análise a farei do ambiente evangélico brasileiro, uma atmosfera no qual participo desde 1995, quando comecei a fazer parte da igreja Batista, aqui em Olinda, fui batizado lá, e desde essa época, me tornei um cristão protestante, hoje, eu congrego numa igreja Presbiteriana, aqui em Olinda mesmo. E o que me chama a atenção, por todos esses anos, são as diversas formas nas quais as pessoas enxergam e interpretam a Jesus, e como nós evangélicos nos relacionamos com o Mestre.

Infelizmente, a visão que algumas denominações evangélicas têm sobre Jesus é muito heterogênea, numas, ele é visto como um cordeirinho manso, inamovível, já em outras, ele é visto como um carrasco, com um chicote na mão, pronto para punir no primeiro vacilo que dermos, além de impor regras, usos e costumes, e delimitar uma lista de proibições, não pode praticar esportes, ler livros não evangélicos, ir ao teatro ou cinema, usar maquilagem, barba, enfim, proibições no qual atribuem a Jesus, porém, será realmente que o Filho de Deus, que encarnou, veio ao mundo há mais de dois mil anos, anunciou o Reino dos Céus, foi morto, ressuscitou, será mesmo que ele veio impor esse tipo de proibição como forma de santificação para aqueles que desejam ter uma intimidade com Deus?

Geralmente essa visão legalista acerca de Jesus é repassada por denominações pentecostais, como as Assembleias de Deus, onde mostram um Jesus de cenho franzido, inimigo de tudo o que existe fora das quatro paredes da igreja, que está sempre pronto para punir, um Jesus que não permite os seus seguidores interagirem na sociedade de peito aberto, prontos para absorverem o que há de bom e lúdico, um Jesus que enxerga o mundo como um campo de batalha, e os nãos cristãos como pretensos moradores do inferno, sim, este Jesus religioso, legalista e amedrontador que é pregado na maioria das igrejas brasileiras.

Ao contrário da visão aterradora e bélica que se passa de Jesus no mundo evangélico, creio que, o Jesus da Bíblia, o Nazareno que passeava pela praia ensinando de forma melíflua os seus ensinamentos, era um homem, bom, pacato, acolhedor, não religioso, que sabia filtrar de forma sábia as coisas boas do mundo, da cultura local, esse Jesus que não impõe proibições tolas como forma de parâmetro de santidade, e sim que mostra que, segui-Lo não é simplesmente deixar de ir ao cinema, bater uma bola, ler um romance de Graciliano Ramos, deixar de escutar música ‘do mundo’, e sim ter um relacionamento direto com Deus, sadio, absorvendo os valores do Reino e confrontando-os com os valores torpes deste mundo em trevas, é esse Jesus não religioso que creio e sigo, no qual os Evangelhos está todo saturado de seu amor, sabedoria e poder, e este Jesus terrorista, religioso, legalista, este, a maioria dos crentes podem fazer um bom uso dele, não me serve, pois é para a liberdade que ele me libertou naquela cruz do calvário, e não para ser um religioso legalista de paletó e bíblia na mão reprovando tudo e todos numa busca insana e estúpida pela a santificação.

Paulo Cheng



4 comentários:

  1. Uai, o comentário não veio!
    Eu quero lhe dizer que o texto é muito bom, tanto pelas suas idéias, que compartilho, quanto pela escrita que a cada dia fica melhor!
    Um abraço!

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  2. Paulo, seu texto pontua de maneira fácil para o entendimento de todos, a sua visão a respeito de como o personagem central da bíblia, Jesus Cristo, é visto dentro do ambiente religioso que tão bem você conhece. E olha que esse não é um assunto nada fácil de escrever. Por vários aspectos. Muito bom texto e excelente analise o mesmo contem. Parabéns.

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    1. Obrigado PC pelo comentário, e como é difícil tocar neste assunto, principalmente quando o assunto é o mundo evangélico, um movimento tão fragmentado e heterogêneo, mas é isso.

      Abraço.

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