sexta-feira, 17 de abril de 2015

Dad, i miss you!


- Pai, o senhor já prendeu algum bandido mal? 
- Sim, já prendi.
- Pai, o senhor gosta muito de palavras cruzadas, né?
- É bom, sou viciado nisso.
- Pai, que fita é essa que o senhor comprou?
- É do novo disco dos Paralamas do Sucesso.
- Pai, por que o senhor guarda a sua arma em cima do guarda roupas?
- É pra você não pegar e se machucar.


Esses são alguns dos diálogos que travei com o meu pai que consigo lembrar e que se fossilizaram em minha mente. No dia de hoje, 17 de abril, só que em 1991, meu pai se despedia desta vida, com apenas 49 anos de idade. Era uma quarta-feira pela manhã, quando do hospital em Casa Forte, Recife, ligaram pedindo para comparecer com urgência lá, onde ele estava internado, e, no dia anterior, eu havia estado com ele, chegando lá, eu e minha mãe, o médico deu a notícia que ele tinha vindo a óbito, e choramos, dias depois foi o sepultamento. Na época, eu estava com 19 anos.

A morte é uma inevitabilidade da existência, é o processo antinatural mais natural da vida. Ela nos acompanha desde o início da humanidade, está ao nosso redor, nos hospitais, na TV, em todo o lugar, contudo, mesmo sendo algo "normal" em nosso cotidiano, ainda nos perturba esse evento, principalmente quando ela bate as portas de nossa casa, acometendo algum parente nosso, quando ela chega, tira o nosso chão, nos desestabiliza, morremos um pouco com aqueles que se vão.

Meu pai era um homem bom, se chamava José Valter da Costa, mas era conhecido como Costinha, trabalhador, era perito da polícia civil aqui em Pernambuco, gostava de ler, de resolver palavras cruzadas, gostava de ouvir música, Emílio Santiago era um dos cantores prediletos dele que eu lembre, contudo, mesmo sendo muito inteligente, era afeito à bebida, no qual foi a derrocada de sua vida. E sua partida abrupta nos desestabilizou muito, pois, em toda a família, o cabeça de uma casa quando deixa a direção do leme, o barco navega de forma imprecisa em meio ás tempestades da vida. Sinto falta do meu pai, como o perdi muito cedo, eu não estava nem com 20 anos, as lembranças teimam em se dissipar à medida em que o tempo avança, contudo, ainda perservo em minha mente inúmeras lembranças suas de quando eu era criança, adolescente e já no início da vida adulta.

Às vezes, fico pensando como seria se o meu pai estivesse vivo hoje, em como ele teria participado de minha vida ao longo desses anos, de quantas alegrias ele teria compartilhado comigo, e quantas tristezas teríamos chorados juntos, caramba, como gostaria que ele estivesse vivo, estaria hoje com 73 anos, teria estado em meu casamento, estaria presente em minha formatura na faculdade, se alegraria nos vários concursos públicos no qual passei, se preocuparia no dia em que sofri o acidente de moto, enfim, gostaria que ele tivesse conhecido minha esposa, a Michel Cheng, e, em suas palavras, certamente teria dito: "poxa negão, mulher da porra tu conseguiu"; é, o tempo passa, hoje acordei nostálgico, me lembrando daquele fatídico 17 de abril de 1991, como gostaria que meu velho estivesse aqui comigo, estou triste, uma lágrima insiste em verter dos meus olhos neste momento, meu coração está triste, foi bom o tempo que passamos juntos, agradeço à Deus por ele ter sido o meu velho, sinto saudades...



Paulo Cheng



Abaixo, deixo o álbum na íntegra dos Paralamas, no qual meu velho um dia chegou em casa, vindo do trabalho, com uma fita cassete nas mãos para escutarmos, acho que o ano era 1988.



 

2 comentários:

  1. Lembranças, recordações e saudades que nunc acabam...Vão e voltam! abraços,chica

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    1. Obrigado Chica pelo comentário, e as saudades são eternas, nunca acabam, abração pra ti.

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