A humanidade está repleta de momentos obscuros, negros e
tenebrosos; momentos que, de certa forma, macularam as páginas de nossa história,
e não foram poucos esses momentos, guerras, genocídios, torturas, reis e
imperadores truculentos e austeros, sociedades cativas da violência e da ignorância,
e até em momentos recentes de nossa história também podemos observar que, em
algumas sociedades, a intolerância e a Lei do olho por olho, dente por dente, é
que rege as relações interpessoais.
A paz não é uma unanimidade, e viver de forma harmônica em
algumas sociedades beira a utopia. Mesmo em pleno século 21 nos deparamos com
cenas grotescas que nos remetem à Idade Medieval, e um desses exemplos é o
grupo radical Estado Islâmico, que, como pretexto religioso e ideológico,
fomenta a violência e a morte de forma gratuita no Oriente Médio; outro
exemplo, bem pertinho de nós, ocorreu no Maranhão, nesta última segunda-feira
(06/07/2015), onde um assaltante foi flagrado tentando assaltar, ao ser contido
pela população, o mesmo foi amarrado a um poste, e vários dentre os
transeuntes, à semelhança da Inquisição na Idade Média, ou a um campo de
concentração nazista, espancaram o assaltante até a morte.
Entendo que a população brasileira está cansada de ser vitimada
por tanta violência, assaltos e outras mazelas, e que, na maioria das vezes a
bandidagem leva vantagem sobre os cidadãos de bem, contudo, amarrar um meliante
por tentativa de assalto em um poste e espancá-lo até morte não difere muito
das atitudes tomadas por Stalin ao massacrar seus desafetos; ou das ordens
dadas por Pol Pot ao mandar exterminar seus concidadãos no Camboja; ou até
mesmo das atitudes de Hitler em mandar executar judeus em campos de
concentração; e você pode até pensar que eu esteja usando de extremismo e
exemplos descabidos, mas uma coisa em comum existe em todos os eventos
supracitados: o desejo mordido e irrefreável de matar e de se colocar como o Juiz
da vida e da morte.
Não sei se atitudes como a do Maranhão ajudarão em alguma
coisa, seja para conter a violência ou para lavar a alma como um bálsamo em
meio a tanta violência, entretanto, tais atitudes como essa tomada pela população
como forma de extravasar a indignação por tanta violência nos remete aos
acontecimentos mais obscuros e grotescos que marcaram a nossa historia por meio
de barbáries e atos cruéis, e mesmo que, ações assim tomadas pela população
sejam tidas como um recado à bandidagem de que os cidadãos de bem não mais
suportam toda essa onda de assaltos, roubos, latrocínios e etc., pagar na mesma
moeda não seria um retrocesso? O olho por olho não nos assemelharia aos bárbaros
dos tempos de Gengis Khan? Enfim, tais acontecimentos em pleno século XXI me
faz questionar se realmente os tempos são de evolução e novos tempos ou servem
para testificar que, basta um fato como estopim para mostrar que, o que há de
mais negro e vil que habita nos recônditos de nossa alma pode aflorar ao menor
sinal de anormalidade em nosso redor.
Paulo Cheng
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