Sempre me questiono se os pressupostos que as sociedades
criam para pautar os relacionamentos são viáveis, e se tais pressupostos, por não
serem eficazes, ainda estão norteando os relacionamentos interpessoais. Por mais
complexos que nós sejamos, somos obrigados a respeitar alguns mecanismos que “facilitam”
a nossa convivência com as demais pessoas, e tais mecanismos, por mais
incoerentes que sejam, são a base das interações nas sociedades.
Alguns valores que as sociedades nutrem em seu seio, são
totalmente incoerentes com a ética e a moral, valorizamos mais o ter do que o
ser, procuramos, mesmo que inconscientemente, pessoas bem sucedidas para nos
relacionar, e nos esquivamos de pessoas problemáticas, destituídas de poder
econômico, enfim, achamos muito mais bacana e saudável estar perto de pessoas
bem resolvidas financeiramente.
Mascaramos nossos sentimentos. Sim, as sociedades
rechaçam pessoas muito emotivas, sensíveis, que expõem suas fraquezas e falhas,
pois, em nossas míseras convenções, tais pessoas passam a impressão de
vulnerabilidade, instabilidade e fraqueza. Queremos nos aproximar de pessoas
que mostrem um lado forte, que não choram, que não passam por problemas, como
se um momento de fragilidade que acometesse tais pessoas fosse algo impensável.
Mentimos, dissimulamos, encenamos, traímos, não
perdoamos, somos experts em conduzir relacionamentos por puro interesse social,
financeiro ou circunstancial. Nos doamos de forma superficial, pois nutrimos o
medo de criar laços, de fincar raízes profundas. Sempre esperamos retribuições,
e criamos expectativas exacerbadas nas pessoas. Os relacionamentos são
egoístas, frágeis, inconsistentes, e com o advento das redes sociais (que tem
seu lado bom, obviamente), creio que os relacionamentos, ou boa parte deles, se
tornaram frívolos e mecânicos.
Fugir desse sistema nocivo e que nos acorrenta não é
fácil, entretanto, não é impossível, nadar contra a correnteza, percorrer o
caminho inverso, andar na contramão, uma tarefa difícil, mas que será
necessário para que mantenhamos o bom senso, durmamos em paz com a nossa consciência
e que possamos, mesmo de forma ínfima,tentar resgatar valores sadios e atemporais nos
relacionamentos.
Paulo Cheng
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá queridos, você está em meu site, o paulocheng.com, um espaço onde eu escrevo e posto minhas impressões, meus devaneios, minhas inspirações e sandices, desde já agradeço pelo acesso, lembrando que você não é obrigado a comentar, pois não há uma obrigatoriedade ou imposição, caso você não ache interessante ou esteja com preguiça, não tem problema, o que quero aqui é o prazer acima de qualquer coisa, e não obrigatoriedade, ok? Que Deus possa te abençoar em Cristo Jesus.