sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A fragilidade nos relacionamentos interpessoais

Sempre me questiono se os pressupostos que as sociedades criam para pautar os relacionamentos são viáveis, e se tais pressupostos, por não serem eficazes, ainda estão norteando os relacionamentos interpessoais. Por mais complexos que nós sejamos, somos obrigados a respeitar alguns mecanismos que “facilitam” a nossa convivência com as demais pessoas, e tais mecanismos, por mais incoerentes que sejam, são a base das interações nas sociedades.


Alguns valores que as sociedades nutrem em seu seio, são totalmente incoerentes com a ética e a moral, valorizamos mais o ter do que o ser, procuramos, mesmo que inconscientemente, pessoas bem sucedidas para nos relacionar, e nos esquivamos de pessoas problemáticas, destituídas de poder econômico, enfim, achamos muito mais bacana e saudável estar perto de pessoas bem resolvidas financeiramente.

Mascaramos nossos sentimentos. Sim, as sociedades rechaçam pessoas muito emotivas, sensíveis, que expõem suas fraquezas e falhas, pois, em nossas míseras convenções, tais pessoas passam a impressão de vulnerabilidade, instabilidade e fraqueza. Queremos nos aproximar de pessoas que mostrem um lado forte, que não choram, que não passam por problemas, como se um momento de fragilidade que acometesse tais pessoas fosse algo impensável.

Mentimos, dissimulamos, encenamos, traímos, não perdoamos, somos experts em conduzir relacionamentos por puro interesse social, financeiro ou circunstancial. Nos doamos de forma superficial, pois nutrimos o medo de criar laços, de fincar raízes profundas. Sempre esperamos retribuições, e criamos expectativas exacerbadas nas pessoas. Os relacionamentos são egoístas, frágeis, inconsistentes, e com o advento das redes sociais (que tem seu lado bom, obviamente), creio que os relacionamentos, ou boa parte deles, se tornaram frívolos e mecânicos.

Fugir desse sistema nocivo e que nos acorrenta não é fácil, entretanto, não é impossível, nadar contra a correnteza, percorrer o caminho inverso, andar na contramão, uma tarefa difícil, mas que será necessário para que mantenhamos o bom senso, durmamos em paz com a nossa consciência e que possamos, mesmo de forma ínfima,tentar resgatar valores sadios e atemporais nos relacionamentos.




Paulo Cheng 

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