quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Estou envelhecendo...

O tempo é inexorável, implacável, é sagaz, se esvai melíflua e sorrateiramente, e com ele, também o acompanhamos, a vida segue por trilhos implacáveis, possui ciclos ininterruptos, começo, meio e fim, e atônitos e impotentes, assistimos de camarote o espetáculo da vida se diluir ante os nossos olhos, e presenciamos perplexos as cortinas se fechando, e o sol da existência se pondo lentamente, estou envelhecendo...

 Percebo que minha juventude se despede lenta e gradativamente de mim, sinto o início tímido, porém irreversível de cabelos brancos em mim, e isso denuncia que, cada um deles é sinônimo de senilidade, e antônimo de jovialidade, as poucas rugas em meu rosto, rosto relativamente jovem de 44 anos, iniciam um processo inconversível de cansaço e degradação dermatológica, estou envelhecendo...

As corridas e pedaladas matinais continuam prazerosas, não obstante, sinto que necessito de mais oxigênio para repor o fôlego, e a minha compleição física já dá sinais naturais de desgaste onde, com o passar do tempo, mesmo mantendo a frequência dos exercícios físicos, a carcaça vai mirrando e perdendo suas potencialidades motoras, me impossibilitando, gradualmente, de perpetuar um dos meus maiores prazeres, correr, estou envelhecendo...

Noto que as mudanças na sociedade, as tendências, e os direcionamentos que a juventude têm trilhado, destoam diametralmente do que sempre cri e preservei como estilo de vida, as tendências musicais e bandas já não são as mesmas, a forma de interação, através de mídias sociais frias e impessoais me soam inumanas e estranhas, no qual uma boa conversa pessoal, e os encontros presenciais já não fazem a cabeça da moçada, porém eu insisto em perpetuá-las, estou envelhecendo...

Hoje eu enxergo o mundo por um prisma diferente de quando tinha vinte e poucos anos, espontaneamente procuro ser mais comedido, mais racional e menos impulsivo, tento pensar antes de reagir, e os arroubos juvenis já não tomam a dianteira em quaisquer situações no qual estou imerso, o peso dos anos vão, aos poucos, moldando e aparando algumas arestas rebeldes, e o tempo vai nos legando razão e maturidade, estou envelhecendo...

Sim, estou envelhecendo e, pouco a pouco me despeço de minha juventude, e não há elixir da eterna juventude nem medicina, por mais avançada que seja, que estacione o tempo de meu relógio biológico e cronológico, e o que me espera pela frente me causa temor, será uma fase onde cada célula de meu corpo se degradará, e meu corpo, assim como minhas potencialidades motrizes, serão seriamente comprometidas. Contudo, há um lugar onde eu jamais envelhecerei, somente se eu permitir, que é no espírito, e mesmo que o meu corpo não mais responda aos estímulos sensoriais de forma satisfatória, mesmo que o meu cabelo se torne mais alvo que a neve, e as rugas superabundem a minha face, meu espírito poderá manter a jovialidade, a intrepidez e o ímpeto inerente aos jovens, sim, estou envelhecendo, mas tentarei permanecer jovem, forever young in my soul.




Paulo Cheng 

Um comentário:

  1. O corpo envelhece, mas o coração e alma não podem.Senão, estamos ralados!! abração! chica

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