Foto by Michel Cheng |
Uma das ações mais contundentes do tempo é que ele freia
em nós alguns ímpetos, a juventude é caracterizada pela impetuosidade,
inconsequência e arroubos, porém, na medida em que o tempo passa, tais atributos
começam a arrefecer e perdem o seu rompante inicial. O tempo é fugaz e
arrebatador, efêmero e devorador.
Hoje, depois de algumas décadas de vida, já não anelo os
primeiros lugares, a corrida frenética pelo pódio já não me encanta, quero sim
é terminar o trajeto, mesmo que seja em último lugar. Alguns sonhos utópicos
que acalentei já não desejo que se materializem, hoje a razão sobrepuja a
emoção. O sucesso cobra um preço altíssimo, e por vezes leva consigo a nossa alma,
então o conceito de vitória pra mim hoje é permanecer vivo e produtivo, não
importando os logros financeiros e sociais.
O tempo também tem o poder de calar a nossa voz, por
vezes sempre quis ter um conceito hermético sobre quaisquer assuntos no qual eu
me metesse, e sempre desejei ter a palavra derradeira sobre os debates, e hoje
já não me encanta debates acirrados e discussões sobre ideologias, a verdade
muitas vezes não consegue penetrar em convicções pétreas alheias, então me calo
e guardo comigo o que, a duras penas aprendi, cada um que pague o seu preço
para desvendar a verdade, se conseguir.
Hoje continuo num processo ininterrupto de crescimento e
maturidade, sei que há em mim fossos de imperfeição, e meu caráter ainda está
em formação, convivo com sentimentos difusos no cerne de minha alma, ora sei
ser amável, ora exalo desdém, há um embate interminável dentro de minha alma, o
bem e o mal travam um combate para entronizar o meu coração e ser senhor
absoluto de minhas ações, cabe a mim ter prudência para canalizar o que de
melhor há em dentro de mim.
O tempo me fez ver com clareza que, hoje tanto agrado a
uns, como desagrado a outros, e não pretendo vender uma imagem de cara legal e
perfeito, sou imperfeito e inacessível em algumas áreas, contudo, procuro ser
verdadeiro. Sei que as amizades verdadeiras são ínfimas no grande universo de
conhecidos que possuo, e o pouco de maturidade que amealhei já me dá ao luxo de
não cobrar das pessoas o que quer que seja, apenas quero que sejam verdadeiras para
comigo, e o que tenho a lhes oferecer não passa de um misto de bondade com
pitadas de imperfeição.
No dia de hoje, onde completo 45 anos de vida, o medo
pelo futuro continua a me assolar, e o porvir me causa um misto de curiosidade
e temor, estou quase na antessala da 3º idade, e ainda estou me agarrando com
unhas e dentes aos poucos resquícios de juventude que ainda trago comigo. Sei que
envelhecer traz, além de cabelos brancos e rugas, sapiência, mas também um
estado de deterioração física e motora no qual, lentamente nos debilitará e limitará
as nossas ações, não obstante, é um processo inexorável no qual não tenho
forças para lutar nem ir de encontro, o fato é que, estou envelhecendo.
No dia de hoje, mais um ano de vida eu comemoro, dentre
os inúmeros embates existenciais que travei até aqui, o grande espólio que me
coube foi o da experiência de vida, hoje já não almejo um status social, um
excelente emprego ou bens materiais, apenas que eu goze de saúde para suportar
os anos que ainda me restam ao lado de pessoas agradáveis, sejam familiares ou
amigos, e que o Senhor continue me iluminando em um mundo que jaz em trevas e
ignorância, e a vida continua...
Paulo Cheng
Boa sua reflexão Paulo,o processo é esse...e o tempo é implacável !!!Aproveite cada segundo de sua vida !!!Abraço amigo !!!
ResponderExcluirSim, o importante é continuar vivendo e aproveitando cada instante, abração querida Olívia.
ExcluirGostei de te ler, mais uma vez! PARABÉNS pelos 45 anos! Felicidades! abraços praianos,chica
ResponderExcluirQuerida Chica, obrigado pelo comentário, grande abraço pra ti.
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