A fugacidade da vida

Photo by Paulo Cheng 

A vida é fugaz, se esvai melifluamente, onde a fina fatia de tempo denominada vida é instável, volátil. Morrer é o processo natural mais antinatural que existe, ela é pertinente, está intimamente ligada à vida, permeia o nosso cotidiano, e é o derradeiro momento de cada ser humano.

 É na morte que tudo e todos se igualam, rico e pobre, preto e branco, douto e iletrado, e manso e iracundo, todos caminham lenta e inexoravelmente para o seu destino derradeiro. Do pó viemos, e a ele retornaremos, contudo, devemos não temer a morte, mas sim viver sem um propósito, e deixar um legado vazio e superficial para os que ficarem.

Plantar sementes, regá-las e esperar seus frutos consistem em remir o pouco tempo de vida que nos resta e aplicar-lhe sapiência; o único legado e riqueza que podemos deixar para trás não se fundamenta em amealhar riquezas, bens ou tesouros corruptíveis, mas sim uma vida bem vivida, uma prole numerosa, amigos verdadeiros, e uma existência produtiva e abastada de deleite e vitalidade. Quando dedicamos a nossa vida àquilo que fomenta felicidade, prazer e arte, deixamos um rastro de satisfação, aprazimento e beleza. Uma vida bem vivida é o legado mais notável e duradouro que podemos transmitir para as gerações futuras e para aqueles que nos precederão.

Viver é dom de Deus, e viver bem é um dom que cabe a nós, e para àqueles que receberam esta dádiva divina e se dedicaram a extrair o melhor desta fina fatia de tempo denominada vida, são sábios, dignos de serem chamados de seres humanos, e o seu legado permanecerá vívido no seio de seus familiares, amigos e conhecidos, mesmo que saudade corroa o coração, num vácuo insubstituível.

   
                                                                                                                         Paulo Cheng