Ricardo Gondim |
Escrevo na
ânsia de enjaular as palavras na arena onde luto comigo mesmo. Deliro sobre
tornar-me escritor. Penso que as palavras podem cativar o vento. A inspiração
que precede a escrita me engana. Procuro cravar pensamentos diáfanos. Anseio
por narrar o inenarrável. Grafo sentimentos mas o inexprimível de minha
alma me escapa. Redijo para ninguém.
No texto, sou leitor tentando expelir o
engasgo preso no peito. Enquanto suo a página, caço um jeito de
desentranhar o que lateja em meu espírito.
Escrevo por divagação. Minhas linhas não
passam de estradas por onde fantasio desejos escondidos. Inicio o texto e logo,
feito navio à deriva, me perco. Nada como um ensaio para desprender antigas
convicções das âncoras da certeza. Minha redação me deixa ébrio, serpenteando
nas ideias. Sinto o impulso de expressar o que não passa de intuição. Apanho da
escrita. Como transformar em letra as lágrimas malcriadas?
Escrevo em estado de pura nostalgia.
Vestígios trágicos de anos mal vividos clamam por vingança. Na prosa, luto para
resgatar o que nunca vivi, e na poesia, celebrar a beleza que me privei de
contemplar. Rabisco para ressuscitar risos esquecidos. Quero retornar a lugares
deixados para trás.
Escrevo com o coração estilhaçado. Quando
redijo, tento remediar decepções, debelar desesperos, sarar feridas. No refúgio
da palavra, unto com o bálsamo da divagação o calcanhar que rachei nas
pedras do caminho. Na angústia de corrigir, revisar, apagar, re-escrever,
talvez encontre terapia. Ao tentar fazer literatura vislumbro como a excelência
se distancia de mim. No desafio de cinzelar algumas frases, noto o absoluto
além do meu alcance.
Escrever significa abraçar o desafio de
superar-me, consciente da minha própria mediocridade – a palavra ameaça mania
de grandeza. Crônicas, ensaios, poemas, novelas, romances, me afastam do falso
deus que imaginei ser para aproximar-me do Verbo que se fez gente.
Soli Deo Gloria
Texto do pr. e escritor
Ricardo Gondim
Oi Cheng
ResponderExcluirÉ isso mesmo! Muito bom o texto do Pr., escrever para mim é uma terapia, depois que comecei, não consigo parar mais, é quase um vício kkkkkkkkkk. Vou tentar fazer o que vc falou com relação a atualização do blog, tomara que dê certo.
Bjão para ti e para Michel!
Fiquem com Deus!
Olá querida Lu, também sou fã da escrita do Gondim, e sempre estou postando algo dele por aqui. Vê se assim resolve esse problema, tentei descobrir aqui mas não consegui.
ExcluirAbração pra ti.
Oi Cheng
ExcluirNão sei se percebeu, mas tem mais gente passando pela entrevista do Daniel, fez sucesso einh?! Também a mamãe aqui, só faltou fazer um cartaz luminoso no blog kkkkkkkkkk.
Bjos.
Ótimo o texto... só que como recebo por e-mail primeiro e, na maioria das vezes não abro a foto, só vi que não era teu, Paulo, quando cheguei ao fim... confesso que fiquei desapontada... rssss
ResponderExcluirMeu caro Paulo, toda vez que você nos oferece aqui, um texto do Ricardo Gondim, percebo em cada leitura dele, concordando ou não com determinados pontos, e nesse caso, isso para mim é o que menos importa quando observo suas colocações, é a maneira como se torna convincente e verdadeiras as suas palavras. Isso é a mais pura característica de quem escreve com alma e deixando o coração falar. Esse é caso do Ricardo. Muito bom!
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