Foto by Paulo Cheng |
Desde pequeno ouço um dito popular no qual enfatiza que
“o Brasil é o país do futuro”, e que o gigante um dia despertaria do sono e
assumiria seu papel de direito ante as nações que dominam o chamado “Primeiro
Mundo”. Mesmo com alguma melhoria dos anos 90 pra cá, ainda estamos longe de
atingirmos um status de um país equilibrado e que funciona a contento, o tal
“país do futuro” ainda está estacionado num passado medieval.
O Brasil é um país com recursos naturais invejáveis a qualquer país do mundo, também o seu clima tropical, isento de catástrofes naturais como abalos sísmicos, tufões, frio intenso, colabora para que esta terra seja bem conceituada no que tange a um lugar agradável para se viver. Não obstante, as desigualdades sociais são absurdamente gritantes, e um abismo intransponível separa uma pequena casta detentora de riquezas, de uma grande massa assalariada e com milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, vivendo de forma subumana e perambulando pelas ruas, lixões e monturos buscando sobreviver.
A nação brasileira, desde o seu surgimento, com os
portugueses e sua colonização, introduzindo seus costumes e afanando as nossas
riquezas, lançaram as sementes que germinaram a corrupção, a desonestidade, o
jeitinho e demais atributos que conspiram contra os bons costumes. A corrupção
que, como um câncer em metástase corrói a nossa nação, não é de hoje, e sim de
séculos atrás, e está arraigado no DNA da nação. Mudar um país onde a
desonestidade e o egoísmo estão em cada molécula de ar que respiramos é uma
tarefa hercúlea, contudo digo que, mesmo tendo recursos naturais em abundância,
possuindo uma moeda forte, e assumindo um patamar de país emergente e partícipe
dos BRIC’s, estamos a anos luz de sermos um país de Primeiro Mundo.
Sim, não são só riquezas e uma moeda forte que faz um
país alçar o status de Primeiro Mundo, e só atingiremos este patamar quando a
nossa consciência mudar visceralmente; quando todos nós começarmos a respeitar
os nossos velhos; quando formos civilizados no trânsito; quando considerarmos
os nossos professores nossos segundos pais; quando fizermos da educação e
conhecimento nosso trampolim para uma vida melhor; quando recebermos o troco a
mais e a nossa consciência nos constranger a devolvermos o excedente que não é
nosso; quando tratarmos as nossas crianças e idosos com o maior respeito;
quando dar o nosso assento no ônibus a um idoso ou grávida não ser considerado
obrigação e sim prazer; quando a leitura e o conhecimento nos deixarmos mais
criteriosos no que tange a selecionarmos os programas de TV, músicas e filmes;
quando a arte se tornar nossa amiga íntima e fizermos da literatura, cinema,
teatro, nossos hobbys constantes; quando o amor ao trabalho suplantar o desejo
de gozarmos feriados e feriadões; quando assumirmos tal patamar de consciência
intelectual, emocional, educacional e cultural, adentraremos em um outro nível,
não só social, mas econômico, cultural e ético-moral, não obstante, sem querer
ser pessimista, mas realista, se tais sementes começarem a ser plantadas agora,
será necessário duas ou três gerações, no mínimo, para começarmos a colher os
frutos, aí sim poderemos vaticinar de forma altissonante: “ o Brasil é o país
do futuro”.
Paulo Cheng
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